quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ROCK AND ROLL – CAPÍTULO 1, VERSÍCULO PRIMEIRO






No princípio dos anos 40, no sul dos Estados Unidos, os afrodescendentes americanos, responsáveis pelos mais criativos ritmos musicais (o blues, a soul music, gospel e o Rhythm & blues), ainda que involuntariamente, criaram o gênero que mudaria pra sempre o século XX, o ROCK AND ROLL.

Apesar de involuntário (não se criou o estilo; o nome foi dado anos mais tarde por um DJ novaiorquino chamado Alan Freed), a mistura destes estilos agradou em cheio. E ao contrário do que se pensa, os pioneiros não foram Elvis ou Chuck. Nomes como os de Louis Jordan ou Lionel Hampton já mostravam, ainda nos anos 40, acordes semelhantes com o que viríamos uma década mais tarde.




Como todo ritmo negro, a sociedade limitada e racista dos EUA teve dificuldade em aceitar. Nomes como Big Joe Turner, Chuck Berry, Little Richards e Bo Didley não eram bem quistos pelo público. Mas os jovens começaram a prestar atenção. 


Berry, para muitos o verdadeiro “Rei do Rock”, com sua famosa 'dança do pato', impressionava a plateia. Seus primeiros álbuns são clássicos, até hoje. Canções imortalizadas e uma influência para grandes nomes do rock. Mas a indústria fonográfica ainda torcia o nariz para o estilo.



Richards com seu piano cadenciando suas canções faziam das performances espetáculos à parte. Conseguiu, várias vezes, unir as raças em seus shows. Pretos e brancos uníssonos, cantando e dançando seus maiores sucessos. Mas nenhuma novidade no front.



Bo não fazia o estilo galã, era tímido em frente às câmeras, mas emplacou sucessos e era sinônimo de vendagem. Músico genuíno com grandes conhecimentos e influência em sua gravadora. Mas faltava algum ingrediente.








Elvis Presley foi o terremoto que faltava para abalar de vez o conservadorismo que movia a classe média branca dos Estados Unidos. Presley misturava os dois mundos e assustava os racistas de plantão. Era a essência da música negra, com a dança provocativa e selvagem, e a voz forte, com os arranjos certos. Para muitos, um mal necessário.

Os pais o odiavam. Os conservadores o abominavam. Presley mexia com o imaginário feminino com seu jeito provocativo de dançar no palco. "Elvis, the Pélvis", como ficou conhecido (ele detestava o apelido), com sua lascívia nos shows, incomodavam os retrógrados de plantão. Diziam que Elvis não era um bom exemplo para o estilo de vida americano. Bom, os EUA pareciam dizer diferente, já que ele era idolatrado pela juventude.






Jerry Lee Lewis foi o segundo terremoto que mexeu com a indústria fonográfica. Trilhando o mesmo caminho que Elvis, suas canções tinham a base do Rhythm & blues. Lewis costumava entrar escondido em shows de cantores negros. Assistia às apresentações de blues com entusiasmo. Colocou em prática tudo o que aprendeu. E mais. Foi o único que conseguiu desbancar o “Rei” das paradas de sucesso. E também foi a gota d’água para os retrógrados de plantão, que satanizavam o ritmo que hipnotizava os jovens país afora.





GRAVADORA PIONEIRA - 

Foi a Sun Records a gravadora pioneira que reuniu nomes que viriam a marcar o início do rock and roll. Fundada por Sam Phillips, a Sun Records ficou conhecida por lançar astros como Elvis, Carl Perkins, Roy Orbison e Johnny Cash. A Sun começou a trabalhar com músicos negros o que era um fato inédito. Mas serviu para mostrar que o rock era um ritmo que transcendia os preconceitos da sociedade americana vigente, dos anos 50.

Para o americano médio, tudo que vinha da cultura negra era um insulto, era proibido, ou indigno de atenção. Perceber que brancos e pretos começavam a se unir em torno de um estilo de música que era selvagem, contestador por natureza, assustava os que mantinham o domínio da sociedade.

Protestos, censura, boicotes foram as artimanhas para conter a onda crescente. Tudo inútil. Nunca diga a jovem algum para NÃO FAZER ALGO, que é exatamente o que ele fará. O estilo de roupa, as danças sensuais, o comportamento rebelde eram os indícios que a batalha que vinha sendo travada entre o velho e o novo estava caminhando para uma fragorosa derrota para os ultraconservadores.

O establishment permanecia assustado. A febre era contagiosa e, aparentemente, não tinha cura.

Vários nomes integravam as fileiras de batalha, como Buddy Holly, Danny & The Juniors, Fats Domino, Bill Halley, The Big Bopper, Ritchie Valens, Roy Orbinson, Carl Perkins, Gene Vincent. Todos, talentos únicos, que acrescentavam e muito ao gênero musical. 











Várias gravadoras surgiram para competir com as 4 grandes do mercado, que controlavam tudo o que os americanos ouviam, inclusive segmentando a black music. O rock quebrou essas barreiras raciais. Mais artistas surgiam e o contagio se espalhava ainda mais.

O sistema tremeu. E percebeu que deveria fazer algo radical para derrubar o gigante recém-nascido. Curiosamente os grandes nomes começaram a tombar.

Chuck Berry foi preso por se engraçar com mulheres brancas, Jerry Lee teve seu casamento com sua prima de 14 anos explorado até ver sua popularidade desabar, Buddy, Valens e The Big Bopper morreram em um acidente de avião. Elvis foi obrigado por seu empresário a servir o exército, única forma de atenuar sua imagem de bad boy e ser aceito pelo status quo. Depois disso, sua música nunca mais foi a mesma.


O rock começava a estremecer. Mas aí vinha a efervescente década de 60….


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