quarta-feira, 25 de junho de 2014

FILMES QUE MARCARAM OS ANOS 80 - PARTE 2



Continuação da lista de filmes que marcaram a efervescente década de 80:





OS GAROTOS PERDIDOS – Pra falar de vampiros com linguagem adolescente, esse é o filme. O elenco promissor (Kiefer Sutherland, Jason Patrick, Corey Haim e cia) era o retrato da estética da década. Praticamente um filme dentro de um vídeo. A trilha é um caso a parte – tema de ECHO AND THE BUNNYMEN, numa regravação da canção de THE DOORS (People are Strange) é o destaque. Esqueça ECLIPSE com seus vampiros afetados; essa versão é bem melhor.







O EXTERMiNADOR DO FUTURO – Arnold Schwarzenegger em sua melhor interpretação (curiosamente, onde ele praticamente não fala) em uma ficção científica que marcou época, com direção e roteiro brilhantes de James Cameron. Gerou continuações inferiores e uma série de TV fraca.






UM TIRA DA PESADA – Numa época em que o ator Eddie Murphy podia escolher os papéis e tinha talento de sobra pra mostrar. Ele já havia nos brindado com um ótima performance em 48 HORAS; mas aqui é quando o vemos em sua melhor forma. A trilha é excelente, a direção ágil e o elenco dá conta do recado. Mas as seguidas continuações desgastaram a fórmula.






HIGHLANDER, O GUERREIRO IMORTAL – Quase um videoclipe, regado a muita música boa (trilha sonora do grupo QUEEN) o filme tem ritmo rápido, com muitos cortes (típico de Hollywood) e consegue fazer do canastrão Christopher Lambert destaque nessa produção. Pena que as continuações e o seriado acabaram com o encanto da produção original.






BLADE RUNNER, O CAÇADOR DE ANDRÓIDES – Um filme subestimado pela crítica à época.
Mas com o tempo os que torceram o nariz para a produção de Ridley Scott acabaram se convencendo, ainda que tardiamente, que era uma ficção científica de ótima qualidade. Tudo funciona perfeitamente. Do elenco ao roteiro, passando pela memorável trilha sonora de Vangelis. Um marco no cinema dos anos 80.







EM ALGUM LUGAR DO PASSADO – Christopher Reeve, o eterno SUPERMAN, resolveu mudar a imagem e investiu nesse filme que é um misto de romance com ficção. A produção é feita sob medida pra arrancar lágrimas da plateia. E com a trilha sonora rica em música clássica (com destaque para a RHAPSODIA de Paganini), fica difícil não conseguir o intento.






CONTA COMIGO – Poucas produções de Stephen King foram bem adaptadas para a telona. Muitas se perderam no caminho e comprometeram o trabalho do próprio autor. Mas alguns filmes souberam captar a atmosfera da literatura de King. STAND BY ME é uma delas. Fica difícil não se envolver em películas cujo elenco tem crianças ou adolescentes como protagonistas. Aqui, a gang (que inclui o então promissor RIVER PHOENIX) é composta por jovens de talento. A narração é feita por Richard Dreyfuss.






FLASHDANCE – Pode-se dizer que a história é fraca, que a atuação do par central deixa a desejar, mas o filme conseguiu fazer muito sucesso no cinema. A trilha sonora, as cenas de dança, o ritmo de videoclipe fizeram dessa produção um momento marcante no cinema. Venceu o Oscar de melhor canção (WHAT A FEELING...) e ainda foi indicado nas categorias de melhor fotografia, melhor edição, melhor canção original (Maniac) e melhor trilha sonora.






A LAGOA AZUL – Dizer que foi reprisado a exaustão na “Sessão da Tarde” é dizer pouco. Talvez por isso haja tanta rejeição com a produção que alçou Brooke Shields à condição de estrela. Ela está maravilhosa, exuberante até. E romances tendem a ser bem-aceitos pelo público. O par central até funciona. A química é o que mantém a liga no filme. Isso e os meios que eles usam para sobreviver em uma ilha deserta. Gerou uma continuação sem propósito algum.







ELVIRA, ARAINHA DAS TREVAS – A eterna Elvira, com seu visual dark e sensual sempre foi o que mais chamou a atenção no personagem criada pela atriz Cassandra Peterson. Ela, que ficou conhecida do público masculino ao posar nua para a Playboy. Acabou cacifando em cima de sua cria. Até hoje Elvira é referência no gênero de terror/trash movie. Um gostoso passatempo.




Acompanhe também:

FILMES QUE MARCARAM OS ANOS 80 - PARTE 1










quarta-feira, 18 de junho de 2014

O FUGITIVO – A SÉRIE, O FILME E O FATO



Nos anos 60 uma série de TV ganhava status de 'cult'. Foi apresentada em preto-e-branco de 1963 a 1966, e em cores de 1966 a 1967. A série teve quatro temporadas e contou com 120 episódios no total, e foi apresentada pelo canal ABC. Estrelada por David Jensen (Dr. Richard Kimble) e Barry Morse (tenente Philip Gerard) o show fora criado por Roy Huggins. Ele, um produtor que passou pela Fox e foi queridinho na Warner.



Huggins baseou seu “Fugitivo” em um caso ocorrido no Meio Oeste americano nos anos 50, de um homem inocente que, em fuga constante, buscava sua redenção. O seriado caiu como uma luva e no gosto do público americano. A audiência sempre esteve nos padrões bem acima da média.

Kimble, um homem em fuga para provar sua inocência, sempre se envolvia com outras pessoas e acabava ajudando-as. Um personagem altruísta, que apesar do momento delicado que vivia, conseguia colocar seus problemas de lado para socorrer o próximo.



O público adorou o anti-herói.


No início da década de 90, voltou-se a falar de uma versão cinematográfica (sempre se cogitou isso, na década de 70) e a Warner Bros achou que era o momento oportuno.



Na versão para as telonas, Kimble era protagonizado por Harrison Ford e Gerard, por Tommy Lee Jones.

No verão de 1993, os americanos assistiram a uma versão vigorosa de O FUGITIVO. Tudo funciona na produção: da interpretação de Ford, à trilha sonora de James Newton Howard; da direção de Andrew Davis (de UM CRIME PERFEITO) à edição que tornava o ritmo do filme frenético.



Levou o Oscar de ator coadjuvante para Jones, como o obsessivo Philip Gerard. Premiação mais do que justa. Foi indicado, ainda, em outras seis categorias: melhor filme, fotografia, efeitos sonoros, edição, trilha sonora e melhor som.




O sucesso mundial da película motivou uma regravação do seriado.



Em 1999 os estúdios Warner, com a benção de Huggins (criador e produtor-executivo, dessa vez), deram sinal verde para gravar a série.


Para viver Richard Kimble, escolheram Tim Daly (A TEMPESTADE DO SÉCULO e PRIVATE PRACTICE); e o novo Philip Gerard seria interpretado por Mykelti Williamson.


Os números iniciais animaram a emissora e foi encomendada a temporada inteira (nos anos 90 e até meados do início do milênio, os seriados eram uma aposta em duas fases: primeiro se iria ter mais de 13 episódios, e depois se haveria uma segunda temporada), que acabou decepcionando os executivos.



Talvez pela escolha do elenco, do roteiro que demora a contrapor a vítima (Kimble) e o assassino de sua mulher, o famigerado Homem de um só Braço (Stephen Lang), fato é que a série parece patinar em alguns momentos.


Ainda é melhor do que muitos seriados que estão em exibição nos EUA, recentemente, ainda assim, abaixo do seu original. E a comparação é inevitável.


Daly faz um esforçado Dr. Kimble, mas Williamson parece caricatural demais. Principalmente se compará-lo com os atores que o antecederam. Tommy Lee Jones era obsessivo, mas era convincente. Williamson é repetitivo e sem muitos recursos dramáticos.


O cancelamento foi inevitável, mesmo após os produtores terem apressado para agitar as coisas nos três últimos episódios. Aí já era tarde demais.


Das três versões, a cinematográfica é a mais espetacular. Ainda assim, é uma versão romanceada dos fatos.



Do site Farrapo Velho:


A série foi inspirada no caso real do Dr. Shepard, com a diferença de este não ter fugido para encontrar o verdadeiro assassino da sua mulher. E de esse assassino não ser maneta, mas apenas ter uma cabeleira amarfanhada.

O caso real passou-se nos anos 50. Depois de ter encontrado o tal cabeludo em casa e de ter lutado com ele, encontrou a esposa assassinada, tendo todos os indícios apontado para o marido, que sempre clamou inocência.

Pelos indícios serem tão fortes, a população (e principalmente a imprensa) esperavam um julgamento e uma condenação rápida. E fizeram força para isso. Ao fim de um ano (o que para os cânones do panorama judicial português não é rápido, é um piscar de olhos), o homem foi condenado à prisão perpétua, escapando por pouco ao veredicto de “homicídio em 1º grau”, o que o levaria à cadeira eléctrica.


O seu advogado tentou inúmeros recursos, que nunca foram aceitos.

Confira AQUI.



Mais um caso em que a ficção é melhor do que a realidade.





sexta-feira, 13 de junho de 2014

FILMES QUE MARCARAM OS ANOS 80 - PARTE 1




Clássicos, cult, referências...Muitos dos filmes realizados na década de 80 são destaque até hoje. Influenciaram uma geração, deram uma cara diferente ao cinema mundial e até hoje permanecem na memória de milhões de espectadores mundo afora.

Algumas dessas produções acabaram ganhando refilmagens e/ou continuações que, invariavelmente, acabaram com o encanto do original.


Eis algumas preciosidades que deixaram saudades:






ROBOCOP – A empreitada do diretor holandês Paul Verhoeven no campo da ação deu a ele o status de cult. Gerou duas continuações fracas (uma delas roteirizada por Frank Miller, o gênio dos quadrinhos) e uma refilmagem dirigida por José Padilha. Na dúvida, fique com o original.







A HORA DO ESPANTO – Na década de 80, a “espantomania” tomava conta dos cinemas. E essa versão moderna de Drácula ajudou e muito o gênero do terror a mandar bem nas bilheterias. Muito pelo elenco, mas também pela forma como é apresentada ao público. Gerou uma sequência fraca e uma refilmagem de gosto duvidoso.





TOP GUN – Tom Cruise estava apenas iniciando sua curva ascendente em Hollywood, quando essa produção foi lançada. Fez um sucesso fenomenal, apesar de um roteiro fraco. Mas o elenco carismático e as cenas de ação (assim como o romance entre o par central) ajudaram a fomentar a produção.






O CLUBE DOS CINCO – Dirigido pelo 'Midas' dos filmes adolescentes, John Hughes, que acabou ficando milionário com a cinessérie ESQUECERAM DE MIM, o drama que mostra o convívio forçado entre 5 jovens, de castigo, em pleno sábado na escola e que notam ter mais em comum do que gostariam de admitir, se tornou cult'. E com razão. A música tema do SIMPLE MINDS (DON'T YOU FORGET ABOUT ME) virou, praticamente um hino da juventude da época.






DIRTY DANCING – As histórias de adolescente de Eleanor Bergstein, acabaram virando um musical de sucesso e um dos mais rentáveis da história. O par central (Patrick Swayse e Jennifer Grey) que se detestava na vida real acabou criando uma química nas telas que cativou o público. A produção demorou anos para chegar às telas, mas quando veio, marcou seu nome da história, apesar de uma história até certo ponto previsível.







COBRA – Se por um lado havia a 'espantomania', também havia os famigerados filmes de ação. E Sylvester Stallone era um dos ícones daquela época. Cobra, por mais maniqueísta que seja, foi um dos mais bem-sucedidos do ator(?) nos anos de 1980. Movimentado, com trilha sonora contagiante (marca registrada de Stallone, que acompanha de perto a escolha das músicas) e muito tiroteio fizeram a alegria dos espectadores.







GHOSTBUSTERS – Com um trio de atores talentosos (Bill Murray, Dan Aycroyd e Harold Ramis), uma direção segura e um roteiro que servia exatamente ao talento do elenco, o sucesso era garantido. Soma-se a isso, uma música tema contagiante (ou pegajosa) que foi bem-sucedida nas paradas de sucesso. A continuação foi bem abaixo do original. Mas o capítulo final da trilogia ainda é aguardado.





FOOTLOOSE – Kevin Bacon pode dizer que atuar nesse filme foi uma benção e uma maldição. Alçou seu nome ao estrelato (e pra quem começou a carreira em filmes de terror, foi um verdadeiro achado) e pode fazer outras coisas: comédias, romances e até vilões. Mas dificilmente conseguiu ser lembrado por outras produções marcantes como esta. A trilha é bem descolada, o elenco talentoso e a direção segura a onda, mas o roteiro é previsível. Ainda assim, uma ótima opção. Esqueça a refilmagem. Um horror.







SEXTA FEIRA 13 – Abrindo a década com um trash movie que seria elevado a condição se cult. Foi a estreia de Kevin Bacon no cinema. Os amantes de Jason sabem que aqui apenas sua mãe é a assassina, mas que o longa prepara terreno para as continuações inevitáveis, onde aí sim seu "estilo” seria conhecido. Marcou o cinema de horror, gerou uma infindável lista de imitações e assustou um bocado de gente.








A HISTÓRIA SEM FIM – A produção infanto juvenil é uma preciosidade. Narra a história de Bastian (Barret Oliver) que é um garoto que usa sua imaginação como refúgio dos problemas do dia a dia. Filme alemão com narrativa fantástica que acabou marcando a década de 80.







segunda-feira, 9 de junho de 2014

NEM SEMPRE O LIVRO É MELHOR DO QUE O FILME





Quase sempre a obra original (o livro) é melhor que suas eventuais para as telas. Por ser o ponto criativo ou por conter mais espaço para detalhar a trama e desenvolver personagens, o fato é que na literatura, a história parece ser mais completa. Mas há exceções.



Eis alguns exemplos de que um livro é apenas um livro perto de uma obra de arte que é um filme:






O Iluminado – A obra de Stephen King é mediana se comparada com a assustadora versão do inigualável Stanley Kubrick. King odiou a adaptação. Pudera. Ela se imortalizou, e seu livro ficou em segundo plano.

Da abertura ao final angustiante, Kubrick mostra que a obra original, apesar de ótima, foi mal aproveitada pelo autor. O diretor deu sua visão peculiar do enredo. Resultado: um dos melhores filmes de terror de todos os tempos.







Os Pássaros – Daphne du Marier fez uma obra admirável. Mas anos depois, o incomparável Alfred Hitchcock tornou a obra um clássico do suspense moderno, copiado à exaustão. O livro é de 1952; a produção de Alfred chegou aos cinemas em 1963. Nem é preciso dizer qual trabalho se imortalizou.








Ben Hur – Escrito em 1880 por Lew Wallace, então um ateu convicto, o livro era a tentativa de desacreditar os evangelhos, por parte do autor. Acabou se convencendo da existência de Jesus e daria a oportunidade de ser realizado em 1960, uma obra-prima do cinema, dirigido por William Wyler, que acabou ganhando 11 Oscars, um recorde absoluto.








Dr. Jivago – Clássico da literatura moderna, o romance tem o nome de seu protagonista, Yuri Jivago, um médico e poeta. Conta a história de um homem dividido entre duas mulheres sob fundo da Revolução Russa de 1917. Mas a versão cinematográfica realizada por David Lean superou o original. Marcou época e ganhou cinco prêmios, nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte – A Cores, Melhor Fotografia – A Cores, Melhor Figurino – A Cores e Melhor Trilha Sonora. Ainda foi indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Tom Courtenay), Melhor Edição e Melhor Som.








Rebecca, a Mulher Inesquecível – Nova parceria de Hitchcock e du Marier. O livro resvala mais para o sentimentalismo; o filme vai direto ao cerne da questão: a nova ocupante da casa sendo assombrada por uma falecida mulher que, mesmo não estando mais lá, parece mais presente do que antes. O clima claustrofóbico dá o tom da produção do mestre do suspense.








Fahrenheit 451 – Ray Bradbury, o criador da obra original, fez um libelo contra o totalitarismo e a decadente sociedade americana. O romance apresenta um futuro onde todos os livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas antissociais e hedonistas, e o pensamento crítico é suprimido. Já a versão para o cinema de François Truffaut é mais contundente e realizada de maneira cínica. A maneira crua com a qual o diretor aborda o tema é apenas mais um diferencial da película.









As Vinhas da Ira – John Steinbeck recebeu em 1962 o Nobel de literatura por esta obra magnífica, escrita em 1938, no auge da Depressão Americana. Já o mago John Ford levou sete semanas para realizar a adaptação, em 1940 e conseguiu a façanha de elevar o filme ao patamar de clássico, um dos melhores de todos os tempos. Além de ser premiado pela Academia de Artes Cênicas em 1941. Venceu nas categorias de melhor diretor (John Ford) e melhor atriz coadjuvante (Jane Darlene).
Indicado nas categorias de melhor ator (Henry Fonda), melhor montagem, melhor filme, melhor som e melhor roteiro.








As Pontes de Madison – de Robert James Waller. Conta a história de uma mulher casada (Francesca) que se envolve com um fotógrafo da revista National Geographic que vai a Madison, em Iowa, captar imagens das famosas pontes.

A história é contada em flashbacks. Após a morte de Francesca (Meryl Streep), seus filhos descobrem um manuscrito que revela essa passagem de sua vida. O filme passa-se em 1965.
A produção do longa foi conturbada, mas foi salva pela direção e também atuação de Clint Eastwood. A química entre ele e Streep é o diferencial do filme, além da forma correta como é conduzida a produção baseada em fatos ocorridos nos anos 60.








O Dia do Chacal – Frederick Forsyth estava inspirado ao escrever esse romance que é baseado em uma tentativa de fato de assassinar o presidente francês Charles de Gaulle, que aconteceu em 1963, por obra de Jean Bastien-Thiry. O carro onde estava De Gaulle chegou a ser metralhado. Thiry era um funcionário público francês insatisfeito em perder seu cargo na Argélia, em virtude da independência do país promovida por De Gaulle. Mas a adaptação cinematográfica senão é melhor, ao menos está em pé de igualdade com o original. Bem dirigida e roteirizada a película marcou a carreira vitoriosa do diretor Fred Zinneman, diretor de MATAR OU MORRER e A UM PASSO DA ETERNIDADE.





A Última Tentação de Cristo – o escritor grego Níkos Kazantzákis, autor de Zorba, o Grego foi escrachado em praça pública quando lançou A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO. Martin Scorsese tomou todo o cuidado do mundo para manter as palavras iniciais do livro ('é apenas uma obra de ficção’') no início do seu longa. Mas as polêmicas foram ainda maiores contra ele, do que o autor do livro. Ainda assim, a produção é melhor do que a obra literária. Desde a trilha de Peter Gabriel, passando pelas atuações inspiradíssimas de William Defoe e Harvey Keitel e com a costumeira direção segura de Scorsese, fica claro que, apesar de longo, está em um patamar superior ao seu original.







Vidas Secas – A obra é inspirada em muitas histórias que Graciliano Ramos acompanhou na infância sobre a vida de retirantes, na história, o pai de família Fabiano acompanhado pela cachorra Baleia, estes são considerados os personagens mais famosos da literatura brasileira. Data de 1938. A adaptação feita por Nélson Pereira dos Santos, que foi aplaudida de pé em Cannes é de 1963.
A utilização de tomadas de câmeras sem filtro (para captar a crueza do sertão, com todas as suas nuances) é um dos diferenciais do longa. As cenas têm um grau tão alto de realidade que durante o evento francês, os produtores foram questionados se a cachorrinha Baleia estava viva. Nélson, um dos grandes nomes do cinema nacional e expoente do Cinema Novo realizou uma obra vigorosa e sem igual. E conseguir superar um trabalho de Graciliano, não é tarefa para qualquer mero mortal.







2001, uma odisseia no espaço – 2001 é o primeiro livro da tetralogia de ficção científica Odisseia no Espaço, escrita por Arthur C. Clarke em 1968. O livro foi desenvolvido conjuntamente com sua versão cinematográfica, dirigida por Stanley Kubrick e publicado após o filme. A estória é baseada em vários outros contos de Clarke, sendo notável a influência de “The Sentinel”.

Ler a obra de Clarke e assistir a obra fundamental da ficção científica do cinema mundial são dois privilégios. Nesse quesito, Kubrick leva certa vantagem, pois a concepção visual é de deixar boquiaberto os espectadores.  




quinta-feira, 5 de junho de 2014

FILMES QUE PASSARAM DESPERCEBIDOS PELO PÚBLICO




Na mesmice que vive o cinema americano nos últimos anos é de se lamentar que muitos filmes passaram em branco nas bilheterias ou pouco chamaram a atenção do público, mesmo que tenham sido aclamados pela crítica.


Os “blockbusters”, aqueles arrasa-quarteirões com os quais nos acostumamos (ou fomos doutrinados a idolatrá-los) são os mais lembrados, mas de maneira injusta.


Muitas produções mereciam melhor sorte. 

Eis algumas:






Doces ecos do passado – O aclamado filme canadense de 1988, que foi aplaudido de pé no festival de Cannes. Remexendo num antigo baú, garoto descobre a história de sua avó, uma pianista famosa no início do século por musicar ao vivo filmes mudos. Uma nova realidade surge para os descendentes dessa mulher pioneira. Lembra o cultuado filme Cinema Paradiso, mas melhor que a produção italiana.








Noite de Desamor - Jessie Cates (Sissy Spacek) é uma mulher de meia idade com epilepsia e, por causa desse problema, não consegue arranjar emprego. Além disso, seu filho é viciado em drogas pesadas e seu casamento é um fracasso. Todos esses problemas fazem com que Jessie resolva cometer suicídio. O problema é que ela quer fazer isso na casa da mãe, Jessie Cate (Anne Bancroft), colocando-a em um dilema. Baseado em peça de Marsha Norman, o filme mostra um dos piores pesadelos que uma mãe pode enfrentar, já que o desafio de Thelma é convencer a própria filha de que vale a pensa viver, e para isso ela tem apenas uma noite.
Produção quase teatral, realizada em um único cenário, o longa de Tom Moore mostra um duelo de grandes atrizes, um roteiro forte e uma direção segura. Vale muito a pena acompanhar.










O Palco de Desilusões - Sally Field está no papel de uma dona-de-casa que resolve virar comediante profissional, se apresentando em bares e casas de shows. Ela conhece um comediante (Tom Hanks) com um pouco mais de experiência que vai lhe dando várias dicas. Eles se unem, se ajudam apontando as falhas um do outro, buscam novas chances e descobrem que fazer rir não é nada fácil, nem tão divertido.
É sabido que Tom Hanks sempre soube administrar bem a carreira; soube escolher os papéis que melhor lhe serviria a consolidar uma carreira em Hollywwod e, apesar deste filme ter passado em branco nas bilheterias, no final dos anos 80, merece ser visto (ou revisto) para se confirmar o talento ascendente e a participação excelente de Field.









Nosso Querido Bob - Leo Marvin (Richard Dreyfuss) é um psiquiatra que atravessa o momento mais importante da carreira. Leo acabou de lançar o livro " Passos de Bebê" e está prestes a ser entrevistado pela televisão, mas sua vida é tumultuada quando lhe é passado um paciente (Bill Murray) extremamente inseguro, que quando descobre que seu terapeuta vai sair de férias fica desesperado e usa diversos ardis para descobrir onde seu médico está passando férias com a família. Quando ele chega ao local o psiquiatra fica irritado, mas toda a família dele se simpatiza rapidamente com este paciente neurótico, mas extremamente amável, que sempre diz que está indo embora mas retorna pelos motivos mais diversos, deixando o terapeuta descontrolado.
A dupla Dreyfuss/Murray está perfeita e mostra uma sintonia fantástica. Murray saindo do estereótipo do sarcástico em tempo integral, que o acompanha desde os tempos do Saturday Night Live. Imperdível










O Demônio - Cinco pessoas que nunca se viram ficam presas num elevador de um arranha céu comercial. Enquanto rumavam para seus respectivos andares, algo acontece e ele para no meio do caminho. E o que para muitos já seria motivo de tensão, piora ainda mais porque estranhos e violentos acontecimentos começam a surgir dentro do pequeno espaço. Alguém ali dentro não é quem aparenta ser. O medo e a maldade tomam conta do local e do lado de fora, ninguém conseguie arranjar um jeito de ajudá-los.
Mais um roteiro de M. Night Shaymalan, o realizador de O Sexto Sentido e A Vila, mas que depois destes filmes sua carreira entrou em uma curva descendente. O roteiro é bem armado deixando o espectador em constante suspense para entender o que está acontecendo e, principalmente, quem é responsável pelos acontecimentos. Filmado quase que tempo integral dentro de um elevador, nem por isso deixa de ser eletrizante. Pena que naufragou nas bilheterias.










O Suspeito da Rua Arlington - Professor de história (Jeff Bridges) faz amizade com seus novos vizinhos (Tim Robbins e Joan Cusack), logo após ter salvo o filho deles. Desconfiado de que há algo, começa a achar que seus vizinhos têm um plano para explodir um prédio público e que podem ser, na verdade, terroristas.
A eterna paranoia americana com estrangeiros e sua conseguinte xenofobia é criticada nesse filme que não fez sucesso nas bilheterias no meio dos anos 90. O roteiro mostra que o perigo pode estar ao lado e ser do nosso convívio pessoal. Numa clara referência ao atentado de Oklahoma em 1995 pelo americano Timothy McVeigh, ligado a grupos ultra-radicais de extrema direita dos EUA.
As interpretações dos atores centrais são notáveis. Se houvesse visibilidade suficiente, a produção poderia ter abocanhado algumas indicações ao Oscar.










A Última Profecia - John Klein (Richard Gere) é um respeitado jornalista que trabalha no Washington Post. Ele e sua esposa, Mary (Debra Messing), procuram uma nova moradia e acabam encontrando a casa de seus sonhos. Porém, pouco depois de decidirem pela compra são vítimas de um acidente de carro e o estado de Mary é grave. No hospital, ao fazer exames, se descobre que ela é portadora de um tipo de tumor no lóbulo temporal muito raro. Ela passa a ter visões e logo depois morre. Dois anos depois, ao dirigir para Richmond para um encontro profissional, se desvia inexplicavelmente 650 quilômetros da sua rota, indo para Point Pleasant, uma pequena localidade em West Virginia. Ele parou ali pois seu carro aparentemente apresentava problemas, mas ao pedir para telefonar é ameaçado por Gordon Smallwood (Will Patton), que lhe aponta uma arma dizendo que é o estranho que, pela terceira vez, aparecia na sua casa às duas e meia da madrugada. Ele tenta entender como percorreu uma distância tão grande em menos de duas horas. No outro dia, ao tentar resolver o problema do seu carro, descobre que o veículo não tinha nenhum defeito. Ao saber que estranhos fenômenos ocorreram, ele fica no local a fim de investigar e fica sabendo que tais fatos estão relacionados às imagens desenhadas por Mary pouco antes de sua morte.
Baseado em fatos ocorridos na Europa, no começo dos anos 80.









Ricochet, Sem Limites Para Vingar - O policial Nick Styles (Denzel Washington) é visto como um herói após ter prendido o perigoso psicopata Earl T. Blake (John Lithgow). O bandido nutre, desde então, uma profunda raiva contra Nick. Sete anos depois, quando escapa da prisão, Blake começa por em prática seu plano de vingança, onde destrói a carreira do policial junto a corporação, ao público e à sua família.
Filme de quando Denzel ainda buscava se afirmar em Hollywood em papéis centrais. Ele havia acabado de receber um Oscar por Tempo de Glória, mas como coadjuvante. Tanto ele quanto Lithgow dão um show à parte.










A Morte Pede Carona – Revelado pelos primeiros longas do compatriota Paul Verhoeven, o ator holandês Rutger Hauer já havia feito nos EUA "Blade Runner" (1982) e "O Feitiço de Áquila" (1985) quando John Ryder, o misterioso assassino serial de "A Morte Pede Carona" (1985), o popularizou como ícone de beleza e perturbação.
No filme, um jovem (C. Thomas Howell) planeja levar um carro de Chicago até San Diego. Seu pesadelo tem início quando oferece carona a um estranho (Hauer), que o envolve em vários crimes e o obriga a fugir da polícia. Uma garçonete (Jennifer Jason Leigh) o ajuda.
O filme só foi descoberto em sua plenitude quando houve uma versão realizada em 2007. A comparação é inevitável, já que a produção de 1985 é sóbria e não uma versão adolescente sem graça como foi a refilmagem. Rutger Hauer em uma atuação de gala merecia ser lembrado pela Academia de Hollywood. O roteiro parece perguntar 'como as pessoas permitem que entrem ameaças em suas vidas'?








Fuga à Meia Noite - O esperto estelionatário Jonathan Mardukas (Charles Grodin) é capturado pro Jack Walsh (Robert De Niro), um caçador de recompensas que deve levá-lo de Nova York até Los Angeles. Mas o caçador ainda não sabe que seu prisioneiro deve uma fortuna à máfia e está sendo perseguido por assassinos.
De Niro, como sempre, está ótimo; mas o que Charles Grodin consegue é digno de louvor: ele não '‘desaparece’' ao contracenar com Robert, o que é muita coisa, em se tratando de uma lenda viva, que ainda estava no auge.

O filme transita da comédia à aventura e com muitas cenas de ação sem perder o ritmo ou o objetivo. Ponto para o diretor Martin Brest, de Um Tira da Pesada.