quarta-feira, 18 de junho de 2014

O FUGITIVO – A SÉRIE, O FILME E O FATO



Nos anos 60 uma série de TV ganhava status de 'cult'. Foi apresentada em preto-e-branco de 1963 a 1966, e em cores de 1966 a 1967. A série teve quatro temporadas e contou com 120 episódios no total, e foi apresentada pelo canal ABC. Estrelada por David Jensen (Dr. Richard Kimble) e Barry Morse (tenente Philip Gerard) o show fora criado por Roy Huggins. Ele, um produtor que passou pela Fox e foi queridinho na Warner.



Huggins baseou seu “Fugitivo” em um caso ocorrido no Meio Oeste americano nos anos 50, de um homem inocente que, em fuga constante, buscava sua redenção. O seriado caiu como uma luva e no gosto do público americano. A audiência sempre esteve nos padrões bem acima da média.

Kimble, um homem em fuga para provar sua inocência, sempre se envolvia com outras pessoas e acabava ajudando-as. Um personagem altruísta, que apesar do momento delicado que vivia, conseguia colocar seus problemas de lado para socorrer o próximo.



O público adorou o anti-herói.


No início da década de 90, voltou-se a falar de uma versão cinematográfica (sempre se cogitou isso, na década de 70) e a Warner Bros achou que era o momento oportuno.



Na versão para as telonas, Kimble era protagonizado por Harrison Ford e Gerard, por Tommy Lee Jones.

No verão de 1993, os americanos assistiram a uma versão vigorosa de O FUGITIVO. Tudo funciona na produção: da interpretação de Ford, à trilha sonora de James Newton Howard; da direção de Andrew Davis (de UM CRIME PERFEITO) à edição que tornava o ritmo do filme frenético.



Levou o Oscar de ator coadjuvante para Jones, como o obsessivo Philip Gerard. Premiação mais do que justa. Foi indicado, ainda, em outras seis categorias: melhor filme, fotografia, efeitos sonoros, edição, trilha sonora e melhor som.




O sucesso mundial da película motivou uma regravação do seriado.



Em 1999 os estúdios Warner, com a benção de Huggins (criador e produtor-executivo, dessa vez), deram sinal verde para gravar a série.


Para viver Richard Kimble, escolheram Tim Daly (A TEMPESTADE DO SÉCULO e PRIVATE PRACTICE); e o novo Philip Gerard seria interpretado por Mykelti Williamson.


Os números iniciais animaram a emissora e foi encomendada a temporada inteira (nos anos 90 e até meados do início do milênio, os seriados eram uma aposta em duas fases: primeiro se iria ter mais de 13 episódios, e depois se haveria uma segunda temporada), que acabou decepcionando os executivos.



Talvez pela escolha do elenco, do roteiro que demora a contrapor a vítima (Kimble) e o assassino de sua mulher, o famigerado Homem de um só Braço (Stephen Lang), fato é que a série parece patinar em alguns momentos.


Ainda é melhor do que muitos seriados que estão em exibição nos EUA, recentemente, ainda assim, abaixo do seu original. E a comparação é inevitável.


Daly faz um esforçado Dr. Kimble, mas Williamson parece caricatural demais. Principalmente se compará-lo com os atores que o antecederam. Tommy Lee Jones era obsessivo, mas era convincente. Williamson é repetitivo e sem muitos recursos dramáticos.


O cancelamento foi inevitável, mesmo após os produtores terem apressado para agitar as coisas nos três últimos episódios. Aí já era tarde demais.


Das três versões, a cinematográfica é a mais espetacular. Ainda assim, é uma versão romanceada dos fatos.



Do site Farrapo Velho:


A série foi inspirada no caso real do Dr. Shepard, com a diferença de este não ter fugido para encontrar o verdadeiro assassino da sua mulher. E de esse assassino não ser maneta, mas apenas ter uma cabeleira amarfanhada.

O caso real passou-se nos anos 50. Depois de ter encontrado o tal cabeludo em casa e de ter lutado com ele, encontrou a esposa assassinada, tendo todos os indícios apontado para o marido, que sempre clamou inocência.

Pelos indícios serem tão fortes, a população (e principalmente a imprensa) esperavam um julgamento e uma condenação rápida. E fizeram força para isso. Ao fim de um ano (o que para os cânones do panorama judicial português não é rápido, é um piscar de olhos), o homem foi condenado à prisão perpétua, escapando por pouco ao veredicto de “homicídio em 1º grau”, o que o levaria à cadeira eléctrica.


O seu advogado tentou inúmeros recursos, que nunca foram aceitos.

Confira AQUI.



Mais um caso em que a ficção é melhor do que a realidade.





2 comentários:

  1. Eu assisti essa série, não a original eu acho, foi no final dos anos 70, muito boa, não perdia um episódio, e se me lembro bem o fugitivo era procurado por um crime que não cometeu, mas todas as provas e evidências levavam a ele, mas em sua interminável fuga sempre acabava ajudando a polícia a capturar criminosos.
    Muito boa.
    Abraço.

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    1. Verdade, Aurelio. era muito bo. Acho que vc viu a original, mesmo, mas aqui chegava atrasado e sempre havia as infindáveis reprises. Provavelmente numa dessas que vc assistiu o seriado. Um abraço

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