quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ROCK AND ROLL – CAPÍTULO 1, VERSÍCULO PRIMEIRO






No princípio dos anos 40, no sul dos Estados Unidos, os afrodescendentes americanos, responsáveis pelos mais criativos ritmos musicais (o blues, a soul music, gospel e o Rhythm & blues), ainda que involuntariamente, criaram o gênero que mudaria pra sempre o século XX, o ROCK AND ROLL.

Apesar de involuntário (não se criou o estilo; o nome foi dado anos mais tarde por um DJ novaiorquino chamado Alan Freed), a mistura destes estilos agradou em cheio. E ao contrário do que se pensa, os pioneiros não foram Elvis ou Chuck. Nomes como os de Louis Jordan ou Lionel Hampton já mostravam, ainda nos anos 40, acordes semelhantes com o que viríamos uma década mais tarde.




Como todo ritmo negro, a sociedade limitada e racista dos EUA teve dificuldade em aceitar. Nomes como Big Joe Turner, Chuck Berry, Little Richards e Bo Didley não eram bem quistos pelo público. Mas os jovens começaram a prestar atenção. 


Berry, para muitos o verdadeiro “Rei do Rock”, com sua famosa 'dança do pato', impressionava a plateia. Seus primeiros álbuns são clássicos, até hoje. Canções imortalizadas e uma influência para grandes nomes do rock. Mas a indústria fonográfica ainda torcia o nariz para o estilo.



Richards com seu piano cadenciando suas canções faziam das performances espetáculos à parte. Conseguiu, várias vezes, unir as raças em seus shows. Pretos e brancos uníssonos, cantando e dançando seus maiores sucessos. Mas nenhuma novidade no front.



Bo não fazia o estilo galã, era tímido em frente às câmeras, mas emplacou sucessos e era sinônimo de vendagem. Músico genuíno com grandes conhecimentos e influência em sua gravadora. Mas faltava algum ingrediente.








Elvis Presley foi o terremoto que faltava para abalar de vez o conservadorismo que movia a classe média branca dos Estados Unidos. Presley misturava os dois mundos e assustava os racistas de plantão. Era a essência da música negra, com a dança provocativa e selvagem, e a voz forte, com os arranjos certos. Para muitos, um mal necessário.

Os pais o odiavam. Os conservadores o abominavam. Presley mexia com o imaginário feminino com seu jeito provocativo de dançar no palco. "Elvis, the Pélvis", como ficou conhecido (ele detestava o apelido), com sua lascívia nos shows, incomodavam os retrógrados de plantão. Diziam que Elvis não era um bom exemplo para o estilo de vida americano. Bom, os EUA pareciam dizer diferente, já que ele era idolatrado pela juventude.






Jerry Lee Lewis foi o segundo terremoto que mexeu com a indústria fonográfica. Trilhando o mesmo caminho que Elvis, suas canções tinham a base do Rhythm & blues. Lewis costumava entrar escondido em shows de cantores negros. Assistia às apresentações de blues com entusiasmo. Colocou em prática tudo o que aprendeu. E mais. Foi o único que conseguiu desbancar o “Rei” das paradas de sucesso. E também foi a gota d’água para os retrógrados de plantão, que satanizavam o ritmo que hipnotizava os jovens país afora.





GRAVADORA PIONEIRA - 

Foi a Sun Records a gravadora pioneira que reuniu nomes que viriam a marcar o início do rock and roll. Fundada por Sam Phillips, a Sun Records ficou conhecida por lançar astros como Elvis, Carl Perkins, Roy Orbison e Johnny Cash. A Sun começou a trabalhar com músicos negros o que era um fato inédito. Mas serviu para mostrar que o rock era um ritmo que transcendia os preconceitos da sociedade americana vigente, dos anos 50.

Para o americano médio, tudo que vinha da cultura negra era um insulto, era proibido, ou indigno de atenção. Perceber que brancos e pretos começavam a se unir em torno de um estilo de música que era selvagem, contestador por natureza, assustava os que mantinham o domínio da sociedade.

Protestos, censura, boicotes foram as artimanhas para conter a onda crescente. Tudo inútil. Nunca diga a jovem algum para NÃO FAZER ALGO, que é exatamente o que ele fará. O estilo de roupa, as danças sensuais, o comportamento rebelde eram os indícios que a batalha que vinha sendo travada entre o velho e o novo estava caminhando para uma fragorosa derrota para os ultraconservadores.

O establishment permanecia assustado. A febre era contagiosa e, aparentemente, não tinha cura.

Vários nomes integravam as fileiras de batalha, como Buddy Holly, Danny & The Juniors, Fats Domino, Bill Halley, The Big Bopper, Ritchie Valens, Roy Orbinson, Carl Perkins, Gene Vincent. Todos, talentos únicos, que acrescentavam e muito ao gênero musical. 











Várias gravadoras surgiram para competir com as 4 grandes do mercado, que controlavam tudo o que os americanos ouviam, inclusive segmentando a black music. O rock quebrou essas barreiras raciais. Mais artistas surgiam e o contagio se espalhava ainda mais.

O sistema tremeu. E percebeu que deveria fazer algo radical para derrubar o gigante recém-nascido. Curiosamente os grandes nomes começaram a tombar.

Chuck Berry foi preso por se engraçar com mulheres brancas, Jerry Lee teve seu casamento com sua prima de 14 anos explorado até ver sua popularidade desabar, Buddy, Valens e The Big Bopper morreram em um acidente de avião. Elvis foi obrigado por seu empresário a servir o exército, única forma de atenuar sua imagem de bad boy e ser aceito pelo status quo. Depois disso, sua música nunca mais foi a mesma.


O rock começava a estremecer. Mas aí vinha a efervescente década de 60….


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

MADONNA E O SEU MUNDO POP





Em 1983, Madonna aparecia pela primeira vez nas paradas de sucesso com um disco envolvente,dançante e com alguns hits quase que instantâneos, em um LP que levava seu nome.
Ela mesma se encarregou de divulgar seu trabalho (usando até medidas 'pouco ortodoxas' para tal), pois queria fazer sucesso a qualquer preço. Essa era sua obsessão.E deu certo.


Músicas como Bordeline, Everybody e Holiday, já nasceram clássicas e abriram o mercado fonográfico para ela de vez. O disco seguinte foi Like a Virgin, e nem é preciso dizer. 

A partir daí, vendagem recorde, temas de filmes (nos quais,muitas vezes,ela também participava como 'atriz' principal) e muitas turnês. Ela tinha o mundo aos seus pés.

Madonna polemizou,escandalizou, posou nua (mais de uma vez), gravou músicas com letras picantes, fez vídeoclipes sensuais, escancarou sua vida pessoal e criou uma legião de fãs.


Se não era brilhante compositora,ou letrista(e não era mesmo),ao menos reconhecia os que sabiam e os contratava --chegou a trabalhar com o produtor de David Bowie, entre outros.

Tinha visão de mercado e por isso ditava ritmos, tendências. Gerou cópias malfeitas (Britney Spears,Christina Aguilera) e mesmo em sua fase de declínio, onde não ditava mais a moda, mas sabia seguir com maestria.

Hoje o mercado fonográfico idolatra Lady Ga Ga, que faz exatamente o que Madonna sempre fez (e fez melhor), tanto nas performances histrionicas, nas danças, nos clipes e na postura.


Se por um lado Madonna pode ficar envaidecida com isso, por outro a música pop não fica muito agradecida.Pelo menos,a primeira era criativa,enquanto Lady Ga Ga apenas copia; até melhor do que suas antecessoras,é verdade. Mas cópia por cópia, é melhor ficar com a original.


Se já não tem a mesma pegada e criatividade de antes,ao menos tem uma história de respeito. De muito respeito.



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

DICA DE FILME - "De quem é a vida afinal?"




 Richard Dreyfuss é um grande ator. Mas no filme DE QUEM É A VIDA, AFINAL? (Whose life is it,anyway? - de 1981) ele se supera ao interpretar Ken Harrison, um escultor que sofre um acidente gravíssimo de carro e acaba tetraplégico. 



Sem movimentar nada além do pescoço para baixo, ele se dá conta que essa situação é permanente e, conseguinte, sua vida sofrerá um impacto profundo. 

Começa por refletir que seu trabalho acabou (esculpir, nunca mais); a relação com sua noiva também, pois ele não conseguirá manter uma relação plena com ela; que dependerá para o resto da vida de cuidados, e tudo isso é demais pra ele. Ken aciona seu advogado para exigir, nos tribunais,seu direito a 'morrer' em paz, alegando que sua condição é irreversível. É nessa hora que entra em cena o diretor do hospital Dr. Michael Emerson (John Cassavetes) tentando demovê-lo da ideia. 



O filme trata de um assunto pesado (ortotanásia) e questiona quem, efetivamente, tem poder sobre a vida de alguém, sem cair no pieguismo barato, comuns em filmes sobre temas relevantes.

Um filme vigoroso, com uma direção segura e interpretações memoráveis. Receita para um grande filme. A película é rara de se encontrar, mas vale a pena.






quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

COLEÇÃO "CLÁSSICO DOS ANOS 80" - O CLUBE DOS CINCO




  Ícone da geração dos anos 80, O Clube dos Cinco (Breakfast Club,1984) dirigido por John Hughes (que imortalizou seu nome mais por ter bolado a cinessérie Esqueceram de mim, nos anos 90) marcou época e influenciou uma geração.



  Hughes parte de um pressuposto aparentemente simples: cinco jovens(o “atleta” Adrew (Emilio Estevez), o “nerd” Brian (Anthony Michael Hall), o “rebelde” Bender (Judd Nelson), a “estranha” Allison (Ally Sheed) e a “patricinha” Claire (Molly Ringwald)), de castigo em um sábado, na biblioteca da escola são obrigados a conviver e aceitar suas idiossincrasias, mostrando, a princípio, que se escondiam sob máscaras, mas que aos poucos vão percebendo que tem mais em comum do que gostariam de admitir.

A escolha do elenco foi um achado de Hughes, que já havia trabalhado como diretor de Gatinhas e Gatões, com a própria Molly e Michael Hall. O roteiro, direto, sem pieguice, aborda os problemas que os adolescentes sempre tiveram, independente da época.



O desenrolar da trama acontece de forma natural, mostrando o  talento do diretor, que produziu e roteirizou, dando a chance de realizar o projeto do seu jeito.



Com o tema do filme interpretado pelo grupo Simple Minds, Don't you forget about me, hino da geração, a película ganhava mais personalidade.



John Hughes sempre entendeu a mente dos adolescentes da época, tanto que realizou outras produções sobre o tema, como:

* Mulher nota 1000

*A Garota de Rosa Shocking

*Curtindo a Vida Adoidado

Este último, outro momento de destaque da carreira do diretor.

Um filme que vale a pena conferir, independente da idade. A propósito do diretor, Hughes faleceu em 2009, mas seu trabalho nunca será esquecido. Segue o trailer do flme, como amostra.






Clube dos Cinco







terça-feira, 14 de janeiro de 2014

TEMAS DE FILMES QUE SÃO INESQUECÍVEIS - Parte 3




Terceira parte das trilhas sonoras inesquecíveis:






RUAS DE FOGO-





A DAMA DE VERMELHO -



OS CAÇA-FANTASMAS -




CURTINDO A VIDA ADOIDADO -




A HISTÓRIA SEM FIM -




O SOL DA MEIA NOITE -




COLORS - AS CORES DA VIOLÊNCIA




FILADÉLFIA -




ROCKY 4 -




UM TIRA DA PESADA -




O CEMITÉRIO MALDITO -




TRÊS SOLTEIRÕES E UM BEBÊ -




FAÇA A COISA CERTA -




GHOST -





UMA LINDA MULHER -







segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

TEMPLO DA MÚSICA - O CIRCO VOADOR



Para quem conhece a história do rock brazuca, sabe que o Circo Voador completa 32 anos em 2014 e que tem uma história fantástica.


Lá surgiram bandas clássicas como Blitz, Barão Vermelho, Kid Abelha, Lobão e os Ronaldos, entre outros. Sua importância transcende a música que, graças aos protestos e irreverência contidos nas letras, era um reflexo do cenário político –vivíamos o fim da ditadura militar, três anos após a Anistia e próximo de um governo civil, após longos e tenebrosos anos.
Originou um movimento, posteriormente chamado de rock dos anos 80 e influenciou as geraçoes seguintes.


Hoje, se já não ostenta mais o jeitão underground (depois da “volta” virou point da classe média alta carioca, um Circo Voador 2.0) e se os irados que passavam por lá já foram 'domesticados' ou tragados pelo sistema há tempos, ainda tem a história ao seu lado.



Demolido em 2002 e surpreendentemente "renascido" em uma nova obra –caso único de uma casa de espetáculos ser reeguida por determinação judicial, dois anos depois –a casa continua lá, como um marco para o cenário artístico brasileiro (por lá passaram orquestras, trupes teatrais, como o Asdrubal trouxe o trombone...), quando ser artista significava ter talento genuíno e não ser apenas fruto de uma golpe de marketing. 



sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

MILTON NASCIMENTO, UMA HISTÓRIA DE VIDA






A ditadura militar acabou, mas ainda é uma ferida aberta para Milton Nascimento.





"Fui proibido de ver o meu filho. Se eu me encontrasse com ele, falavam que iam matá-lo. Fiquei quase 20 anos [sem vê-lo]", conta. "Ninguém entendia. Mas eu não podia falar com ninguém. Eles queriam me maltratar. Se eu falasse com alguém --não sei como ficavam sabendo--, ameaçavam aquela pessoa. Fiquei calado muito tempo. Comecei a beber".

Milton faz o desabafo à Serafina em sua casa incrustada num morro na Barra da Tijuca, no Rio. Seu filho, Pablo, nascido há 40 anos, é fruto do relacionamento com a socialite paulistana Káritas. O músico conta que foi ameaçado por Erasmo Dias (1924-2010), então secretário de Segurança de São Paulo.





Mas não quer aprofundar o assunto. Acha perigoso, teme represálias. "A situação melhorou. Mas o pessoal [que o ameaçou] ainda está aí, vivo. Prefiro deixar a coisa passar mais um pouco para poder falar sobre tudo", afirma.
Milton fala que parou de beber num dia que viu pessoas bonitas e alegres na praia. "Falei: essa coisa não merece que eu me mate. Parei de beber e fiquei três dias na cama. Até que sentei, vi que não estava tremendo nem tonto. No dia seguinte, fui dirigindo para Três Pontas", recorda.

A história de Milton durante a ditadura também teve censura e racismo. O seu "Milagre dos Peixes" (de 1973, que contém a música "Pablo") virou um disco quase instrumental depois da tesoura imposta. "Era muito perseguido. Fui chamado várias vezes", diz.

Às vésperas de completar 70 anos, Milton Nascimento comemora cinco décadas de carreira

Numa delas, agentes do Dops queriam que ele desmentisse uma declaração sobre racismo. Milton tinha visto a filha do músico Paulo Moura ser barrada, por ser negra, em um clube em Copacabana. Protestou e denunciou à imprensa.





"Diziam que no Brasil não tinha racismo. Não desmenti porque estava do lado da menina, vi tudo". Ele próprio foi barrado. "Em muitos lugares não me deixavam entrar por ser negro", afirma.

Filho de uma empregada doméstica, Milton nasceu no Rio em 26 de outubro de 1942. Sua mãe biológica morreu de tuberculose quando ele tinha menos de dois anos. O pai ele nunca conheceu.
Órfão, foi adotado pela filha recém-casada da família da casa onde sua mãe trabalhara. Mudou-se com os novos pais para Três Pontas, Minas.
"Minha mãe [adotiva] sofreu muito. Ela casou com um cara e dois meses depois apareceu com um filho negro".
Aos quatro anos, recebeu de sua madrinha seu primeiro instrumento: uma sanfona, relíquia que guarda até hoje.
Milton estudou contabilidade no segundo grau e desistiu do vestibular para economia. Queria ser músico e astrônomo. "Não tinha faculdade de astronomia em Belo Horizonte. Então continuei só com a música". Mas mantém, até hoje, um telescópio no Rio e outro em Três Pontas.
O caminho da música não foi fácil. O final dos anos 1960, em São Paulo, ele lembra como uma época triste. "Não era chamado para nada".







É TUDO VERDADE

Foi quando teve uma experiência num centro espírita. Relata ter visto uma "entidade" em 1967. "Ela falou que eu não podia ser triste porque muita gente ia precisar de mim. Disse que em tantos dias iria acontecer uma coisa que eu nem iria acreditar. E em tantos dias eu estava no Maracanazinho defendendo 'Travessia'", afirma.
Hoje, acredita "em tudo". Além do espiritismo, já teve contato com o candomblé. "Fui criado na religião católica. Era coroinha, um dia briguei com o padre e resolvi não seguir mais o catolicismo", explica.
O rompimento precoce não impediu que, mais tarde, ele realizasse a "Missa dos Quilombos" (1982), com dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra, tratando de escravidão e preconceito. As temáticas la tino-americanas, dos povos indígenas e da ecologia passaram a ser objeto de sua criação.
Milton está comemorando 50 anos de carreira e 40 do Clube da Esquina, o movimento mineiro que embalou gerações. Voz da campanha das Diretas ("Menestrel das Alagoas", 1983), fez campanha por Tancredo Neves. Hoje quer distância da política.
Mas confia muito em Dilma. Há pouco tempo, localizou numa foto antiga a moça que viria a se tornar presidente. "Ela era muito ligada. A gente se reunia, ia aos bares".

E gosta de namorar. Mas está sozinho no momento. "Agora, estou viajando. Mas não posso viver sem namorar. Não posso, nem quero", fala.
E encara com naturalidade rumores sobre sua homossexualidade. "Não ligo para isso. Acho que ninguém tem nada a ver com nada".
Em 1989, Milton compôs a música "River Phoenix (Carta a um Jovem Ator)" em homenagem ao jovem loiro e bonito que descobriu quando via filmes na TV em um hotel em Nova York em 1988. Tornaram-se amigos e trabalharam juntos no álbum "Txai" (1990). River veio ao Brasil em 1992, um ano antes de sua morte.






 Milton já escreveu sete letras (uma delas em homenagem a Portinari). Em 2013, saiu um novo CD. E ainda um DVD. Continua com o pé na estrada. É fazendo shows que ganha dinheiro. "Gosto de viajar." Os namoros ficam para depois.

Às vésperas de completar 70 anos, Milton Nascimento comemora cinco décadas de carreira.




da página Revolucionários Eternamente (Facebook)


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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

JOHNNY INFELIZMENTE FOI À GUERRA




Sinopse - Primeiro e único filme dirigido pelo escritor e roteirista Dalton Trumbo, uma das grandes vítimas do Macarthismo, ”Johnny Vai à Guerra” criou a figura do soldado sem nome como uma metáfora de todos os homens que perderam a vida na guerra. A história é narrada em dois níveis, com o preto-e-branco e o colorido, separando a vida e a agonia de um soldado reduzido a um torso em combate, durante a Primeira Guerra Mundial. Por meio de um monólogo interior, conhecemos o que foi a vida do jovem soldado e acompanhamos o que restou de seu corpo, numa sala escura de hospital.


Certos filmes acertam ao criticar as guerras em geral. É o caso de “Nascido em 4 de julho”de Oliver Stone, ”Amargo Regresso”, de Hal Ashby e “Johnny vai à guerra”, de Donald Trumbo.

Se no filme de Ashby, Jon Voight faz o soldado que volta do Vietnã paraplégico, revoltado pelo fato de ir a uma guerra que não era sua e pela negligência e abandono a qual foi relegado pelo mesmo governo que  o convenceu a lutar por uma ‘causa perdida’,no filme de Oliver Stone,é Tom Cruise o idealista, que se alista logo após uma palestra de um militar em  sua escola,conclamando os americanos a combaterem o “comunismo”. 


Após também perder os movimentos das pernas  e se tornar um crítico contumaz da guerra, portanto se tornando um problema, ele percebe que nada mais era que um número,que seria substituído facilmente. Mas é no filme de Trumbo que está a mais cruel e ao mesmo tempo, reflexiva crítica a uma guerra (seja lá qual for, afinal são todas iguais e servem quase sempre às mesmas pessoas e aos mesmos interesses). É um libelo contra a violência.


Ao contar a história de um soldado que perde seus braços, suas pernas, parte do seu rosto, sua fala, visão e audição, o espectador embarca em uma atmosfera claustrofóbica de um ser humano preso dentro de si mesmo, cujo o desespero do personagem (que também acreditava nos ideais de guerra) se perde em um monólogo interior, visando manter a sanidade. Ele tenta  entender sua situação real e saber se estão fazendo tudo para ajudá-lo,mesmo sem saber que foi confinado.


Em determinado momento há uma pressão na jugular, nos levando a uma reflexão profunda sobre guerras e seus propósitos, se é que eles realmente existam,e porque sempre os ‘Senhores da Guerra’(como os chamava Renato Russo) continuam a convencer muitas pessoas a lutar por motivos esdrúxulos, que vão desde a malfadada dominação global, a demarcação de território, passando pelo incessante roubo de riquezas naturais. Enquanto existirem muitos “Johnnys” pelo mundo afora (os incautos que acreditam nas guerras pelo seu ‘dever patriótico’), teremos muitas e muitas guerras odiosas,por mais revoltante que isso possa parecer.




 O impacto do filme foi tamanho que influenciou roqueiros pelo mundo afora. Pink Floyd no seu último disco (com todos os integrantes originais) The Final CutMetallica em sua corrosiva One e no Brasil, a Plebe Rude com Johnny vai a a guerra outra vez. Todas dignas de louvor porque dão continuidade as críticas perpetuadas pelo filme.





segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

PINK FLOYD - THE WALL





 Acho que foi o primeiro disco de rock eu ouvi. Só pude perceber a amplitude do álbum muito mais tarde, quando consegui entender as letras e o significado das composições.


  Lançado em 1979, THE WALL foi o mais emblemático trabalho do grupo britânico PINK FLOYD. Não é o melhor deles. Todos os outros anteriores ganham ou por muito (Dark Side of the Moon) ou por pouco (Relics). Mas o que diferencia este disco dos demais é o significado dele e sua razão de ser.






Da primeira à última faixa é uma corajosa exposição dos dramas pessoais do baixista Roger Waters. Dos traumas da infância, a perda do pai na guerra, a mãe super protetora, os professores tirânicos, a inclinação por poesias, a adolescência conturbada, a vida de roqueiro, o casamento, a separação, o fundo do poço, os pensamentos fragmentados e alucinógenos, e culminando com a tentativa de suicídio. Está tudo lá. Com todas as cores. Precisa de muita coragem para ALGO TÃO INTIMISTA. E realizado com maestria por Waters. E é aí que começaram os problemas.



  O baixista relegou os outros integrantes, praticamente a meros ajudantes. Com exceção de duas músicas em que o guitarrista David Gilmour dá o ar da graça, o restante do álbum é,praticamente , um projeto solo.





 As rusgas entre os componentes da banda que eventualmente já existia (um sempre quer brilhar mais do que outro) foi escancarado de vez com esse trabalho solo de Roger Waters. Sempre houve fogueira de vaidades entre Gilmour e Waters. O baixista, por sinal, em certo momento se sentiu como proprietário da banda, devido ao volume maior de composições que ele fazia. Isso foi letal para a convivência dos integrantes.

   O disco a seguir, THE FINAL CUT, já havia começado com um integrante a menos. Lançado apenas em 1983, novamente muito mais a cara do baixista do que do resto do grupo, foi a “pá de cal” na trajetória da melhor banda de rock progressivo da história e uma das melhores de todos os tempos do rock.


   O que se viu a seguir foi uma desagradável briga judicial pelos direitos de explorar o nome da banda. De um lado Waters; do outro, o restante da banda: Gilmour, Mason e Wright.

  Quando percebeu que estava perdendo a luta nos tribunais, Roger chegou a usar a imprensa, pressionando ainda mais em um processo que caminhava para um desfecho negativo. Era muito comum ouvi-lo dizer: “Se alguém aqui é Pink, esse Floyd sou eu”.



   Antes do lançamento de The Final Cut, o diretor Alan Parker realizou uma de suas melhores obras ao adaptar para o cinema o disco The Wall. 
Com um roqueiro sem grande repercussão dos anos 70, Bob Geldof, líder de um grupo de pouca expressão chamado BOOTOWN RATS, mais conhecido por ter idealizado o grande concerto LIVE AID em 1985, o musical ganhou status de ‘Cult’ pela forma diferenciada com qual Parker abordou a vida do baixista do Pink Floyd.






A desavença entre os integrantes permaneceu por muitos anos, até que em 2008, no concerto G8, finalmente a velha banda estava reunida, novamente. Apesar de não terem mais o mesmo vigor, nem Waters conseguir cantar como antes (como ficou claro na música ‘Wish You Were Here’), ainda sim, era a volta da formação clássica, de uma banda inigualável e que tem uma trajetória criativa e um trabalho extremamente produtivo.


  Hoje com um integrante a menos (Richard Wright, morreu em Setembro de 2008), e com o grupo sem muita razão de ser sem dois de seus integrantes (Roger nunca voltou),  tudo o que resta é lembrar. E eu lembro muito bem daquele dia em que escutei pela primeira vez “Another Brick in the Wall”... Momentos como esse, a gente não esquece jamais.



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