Houve
um tempo que, para
fazer sucesso na música brasileira tinha que ter talento, muito
talento. Como Elisete Cardoso, Dolores Duran, Ângela Maria, Nara
Leão, Gal
Costa, Maria Bethânia, entre outras. E,é claro,Elis Regina.
Movida
por um dom ímpar (interpretações inesquecíveis, com uma voz
marcante) a Pimentinha, como ficou conhecida, se notabilizou muito
antes de participar de programas como Noite
de Gala ou
O
Fino da Bossa, com
Jair
Rodrigues.
Seu
talento já era reconhecido desde seu primeiro disco Viva
a Brotolândia,
ainda
em Porto Alegre.
Aparecer
no Festival de Música Popular Brasileira foi um divisor de águas
sim, mas o estilo variado é o que chamava mais a atenção de
crítica e público. Com pitadas de jazz e bossa nova, Elis
demonstrava um estilo eclético, sem perder a identidade musical, com
incursões, até no samba (Tiro ao Álvaro, de Adoriran Barbosa).
Politizada
(chegou a dizer que o país era governado por gorilas,
em referência aos militares), mulher de personalidade forte, voz
ativa em prol da Anistia aos exilados brasileiros, lutou pelo direito
dos músicos, lançou novos compositores, como Renato Teixeira, Sueli
Costa, Tim Maia, João Bosco e Aldir Blanc e Milton Nascimento, nomes
desconhecidos até então.
Marcou
época com suas interpretações carregadas de emoção, quando
muitas vezes ela se emocionava durante a performance, lembrando muito
o cantor belga Jacques Brel, também morto precocemente, ainda no
auge da carreira --como Elis. Ela sempre teve uma presença de palco
fantástica e uma voz que, por si só, já era o show.
Morreu
aos 36 anos, deixando
uma obra popular vasta,
como é citada em todas as enciclopédias pelo Brasil afora, mas sem
sucessoras à altura. Quem sabe se o cenário da música tupiniquim
fosse outro, mais promissor...Por enquanto teremos que reverenciar o
passado, glorioso, esperando por dias melhores.
Lembrar
de Elis pra mim, não é apenas por lembrar. É recordar de minha
avó, enfermeira de plantão no hospital onde a Pimentinha deu
entrada naquele dia, chegar em casa, depois de um turno difícil
de
trabalho, com os olhos cheios d'água
e nos dizer: "a Elis Regina faleceu..." e desatar a chorar,
como se quisesse ter feito algo mais, como se não acreditasse
naquilo. Apesar de ser muito criança para lembrar de tudo o que
aconteceu naquele dia, a imagem que me vem é de minha já
falecida avó, em prantos.
Como
estava o país inteiro naquele momento.
Acompanhe também:
Elis Regina,um grito ( no sentido revolucionário ) de vida,voz e personalidade marcante,não é saudade do passado,mas a sensação que ele ainda está aqui.
ResponderExcluirVerdade, Felipe. Tamanho é o alcance da obra dela e de seu talento, que a impressão que nos passa é que ela não nos deixou. Um abraço
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