quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Mais de 3 décadas sem Elis Regina...







Houve um tempo que, para fazer sucesso na música brasileira tinha que ter talento, muito talento. Como Elisete Cardoso, Dolores Duran, Ângela Maria, Nara Leão, Gal Costa, Maria Bethânia, entre outras. E,é claro,Elis Regina.

Movida por um dom ímpar (interpretações inesquecíveis, com uma voz marcante) a Pimentinha, como ficou conhecida, se notabilizou muito antes de participar de programas como Noite de Gala ou O Fino da Bossacom Jair Rodrigues. Seu talento já era reconhecido desde seu primeiro disco Viva a Brotolândia, ainda em Porto Alegre.


Aparecer no Festival de Música Popular Brasileira foi um divisor de águas sim, mas o estilo variado é o que chamava mais a atenção de crítica e público. Com pitadas de jazz e bossa nova, Elis demonstrava um estilo eclético, sem perder a identidade musical, com incursões, até no samba (Tiro ao Álvaro, de Adoriran Barbosa).

Politizada (chegou a dizer que o país era governado por gorilas, em referência aos militares), mulher de personalidade forte, voz ativa em prol da Anistia aos exilados brasileiros, lutou pelo direito dos músicos, lançou novos compositores, como Renato Teixeira, Sueli Costa, Tim Maia, João Bosco e Aldir Blanc e Milton Nascimento, nomes desconhecidos até então.


Marcou época com suas interpretações carregadas de emoção, quando muitas vezes ela se emocionava durante a performance, lembrando muito o cantor belga Jacques Brel, também morto precocemente, ainda no auge da carreira --como Elis. Ela sempre teve uma presença de palco fantástica e uma voz que, por si só, já era o show.

Morreu aos 36 anos, deixando uma obra popular vasta, como é citada em todas as enciclopédias pelo Brasil afora, mas sem sucessoras à altura. Quem sabe se o cenário da música tupiniquim fosse outro, mais promissor...Por enquanto teremos que reverenciar o passado, glorioso, esperando por dias melhores.


Lembrar de Elis pra mim, não é apenas por lembrar. É recordar de minha avó, enfermeira de plantão no hospital onde a Pimentinha deu entrada naquele dia, chegar em casa, depois de um turno difícil de trabalho, com os olhos cheios d'água e nos dizer: "a Elis Regina faleceu..." e desatar a chorar, como se quisesse ter feito algo mais, como se não acreditasse naquilo. Apesar de ser muito criança para lembrar de tudo o que aconteceu naquele dia, a imagem que me vem é de minha falecida avó, em prantos.

Como estava o país inteiro naquele momento.




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2 comentários:

  1. Elis Regina,um grito ( no sentido revolucionário ) de vida,voz e personalidade marcante,não é saudade do passado,mas a sensação que ele ainda está aqui.

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    1. Verdade, Felipe. Tamanho é o alcance da obra dela e de seu talento, que a impressão que nos passa é que ela não nos deixou. Um abraço

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