sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Lost, um Seriado Único






 Confesso que quando um colega me contou sobre uma série, então recém lançada nos EUA, que falava sobre um grupo de sobreviventes de um acidente aéreo e uma ilha misteriosa, não fiquei tão impressionado. 

  O episódio havia acabado de ser lançado pela ABC e ele conseguiu assistir poucas horas depois (afinal, ele é um expert em internet, e deu um jeitinho). O ano era 2004.





Ao acompanhar pela primeira vez o Episódio Piloto, fiquei extasiado. Um acidente com um avião da Oceanic (voo 815) que deixa cerca de 48 sobreviventes. Parecia não ter muito campo pra explorar, mas foi só ouvir aquele estrondo, seguido de um monte de árvores sendo derrubadas por algo que parecia ser gigantesco, para  perceber que havia muito potencial com o show. E que havia algo de muito esquisito com aquela ilha.

  LOST era baseada em um "tripé" :  suspense, drama e ficção, em doses bem distribuídas,  para não cansar o telespectador; pelo contrário, para instigá-lo ainda mais.



 Criado por Jeffrey Lieber e melhorada por Damon Lindelof e J.J. Abrams (o Steven Spielberg da TV americana), a série contava com rostos pouco ou nada conhecidos do grande público,o que possibilitou revelar um bocado de gente com muito potencial.


  A cada episódio conhecíamos a história de cada um dos sobreviventes e o porque de agirem de uma determinada maneira. Isso humanizava o personagem e possibilitava que seu dramas pessoais pudessem interferir ou interagir com dos demais. Isso quando não havia segredos que acabavam sendo revelados a contragosto.



 Com o final da 1ª temporada chegando, a audiência já era cativa, o que possibilitou a renovação para mais duas temporadas. NaNN

  A 3ª foi a mais madura e consistente. Todas as cartas já estavam na mesa e observamos as mudanças e as traições em prol dos interesses mesquinhos.




Já a 4ª temporada foi abreviada, com apenas 14 episódios ( a primeira teve 25), devido a uma greve dos roteiristas. A greve prejudicou e muito os estúdios com prejuízos na casa dos bilhões.

  Na 5ª percebemos que algo já não está tão bem quanto as demais temporadas,mas ainda sim bem interessante. O problema é que a ficção toma boa parte dos episódios,tirando um pouco do drama pessoal.




Mas a 6ª ,tenho que admitir,  foi decepcionante. Depois de nos brindarem com ótimas histórias,sermos apresentados a inúmeros mistérios, que nos instigavam a acompanhar o desfecho, vermos personagens carismáticos, com muito potencial a ser explorado ( e foram ), e o suspense de que sempre alguma coisa poderia acontecer de repente e mudar a vida dos sobreviventes da tragédia, tivemos a derradeira temporada que foi "brochante".




Podemos resumir assim as 6 temporadas :

  1ª - Conhecemos os personagens, seus dramas e os respectivos passados obscuros;
  2ª - Será que há mais sobreviventes do outro lado da Ilha?
  3ª - Quem são os que já habitavam o lugar há muito tempo atrás?
  4ª - Quem de fato é o líder da misteriosa ilha?
  5ª - Sair da de lá é uma opção viável ou pode trazer sequelas?
  6ª - ................................................... (esqueçam,pois a decepção é muito grande)





 Havia as inúmeras referências literárias, os nomes sugestivos de alguns personagens, os números que insistiam em aparecer em vários lugares (4,8,15,16,23,42).

  Inovou também ao mostrar atores e atrizes que não eram apenas americanos (já que o voo era internacional, os produtores seguiram a lógica) e respeitaram as raízes de cada um. Coreanos,canadenses,britânicos,neozelandeses,africanos e iraquiano. Até um brasileiro. Um exemplo de globalização.




 Os "flashbacks" que mostravam a correlação do personagem com a situação atual, o computador misterioso, a "Iniciativa Dharma"...Enfim, várias coisas que contribuíram para a febre mundial que foi Lost.

O seriado ainda flertava com a tese dos "Seis graus de separação", a teoria de que, no mundo, são necessários no máximo seis laços de amizade para que praticamente, todas as  pessoas estejam ligadas.

  E estavam,muitos até sem saber até o final do seriado.



  (Exemplo de uma rede social. Note as ligações em destaque: mesmo com uma distância relativamente longa, o caminho tem poucos passos)



  Quando o seriado acabou ficou um gostinho de quero mais. Sabia que os produtores eram excelentes para criar ideias, mas não em resolvê-las. Que a série poderia ter tomado um outro caminho. Até a 5ª temporada você não consegue parar de pensar o que são todos aqueles mistérios. Mesmo que na 6ª não haja o clímax esperado. Mas até lá, já tinha valido o ingresso.
  
  Fomos brindados com uma obra fascinante, que nos fazia ficar grudados em frente à TV a espera de mais mistérios e da solução das conspirações.


(a enigmática INICIATIVA DHARMA...)


  Pode-se dizer que o show fazia jus ao nome. "Perdidos", mas não por serem sobreviventes de uma tragédia e estarem abandonados em uma ilha deserta; e sim, por que eram 'perdidos' em suas vidas, repletas de tragédias, de desvios, defeitos e delitos, que pareciam estar pagando o preço derradeiro por tantos desmandos em suas respectivas vidas.

  Lost foi, acima de tudo, um seriado que mostrava o quanto o ser humano é inconsequente, e o quanto os mistérios que o cercam estão além de seus míseros conhecimentos.


  A seguir um trailer da série, repleto de ação:







Lost faz 10 anos: relembre 5 enigmas que mantêm o fascínio da série

* Na ilha de Lost...







Nenhum comentário:

Postar um comentário