terça-feira, 19 de novembro de 2013

Bette Davis, uma Mulher à Frente de seu Tempo




Ruth Elizabeth "Bette" Davis (Lowell, 5 de abril de 1908 — Neuilly-sur-Seine, 6 de outubro de 1989), foi uma atriz estadunidense de cinema, televisão e teatro. Conhecida por sua vontade de interpretar personagens antipáticas, ela era venerada por suas atuações numa variada gama de gêneros cinematográficos; de melodramas policiais, filmes de época e comédias, embora seus maiores sucessos tenham sido romances dramáticos.

Em 1915, os pais de Davis se separaram e Betty e Bobby foram matriculadas no internato de Crestalban em Lanesborough, cidade localizada no planalto de Berkshire. Em 1921, Ruth Davis mudou-se com as filhas para Nova Iorque, onde trabalhou como retratista. Após ver Rudolph Valentino em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (1921) e Mary Pickford em O Pequeno Lord (1921), Betty se sentiu inspirada a seguir a carreira de atriz, mudando a grafia de seu nome para "Bette", em homenagem ao romance La Cousine Bette de Honoré de Balzac. Ela recebeu o incentivo da mãe, que também aspirara ser atriz.



Concluídos os estudos, a jovem atriz fez um teste para a companhia de teatro de George Cukor, que, embora não tenha ficado muito impressionado com ela, lhe deu seu primeiro trabalho remunerado – o papel de uma corista na peça Broadway por uma semana. Mais tarde, Davis foi escolhida para o papel de Hedwig, o personagem que ela havia visto Entwistle interpretar em O Pato Selvagem. Depois de atuar na Filadélfia, em Washington, D.C. e em Boston, Davis estreou na Broadway em 1929 com a peça Pratos Quebrados, que foi seguida por Sólido Sul. Notada por um caçador de talentos da Universal Pictures, foi convidada para fazer um teste em Hollywood.

Acompanhada pela mãe, Davis viajou de trem para Hollywood, chegando dia 13 de dezembro de 1930. Os executivos da Universal não se impressionaram com a jovem, mas ofereceram-lhe um curto contrato. Em The Bad Sister (1931), Davis fez sua primeira aparição nos cinemas, em um papel menor. O filme, uma produção de baixo orçamento, é hoje lembrado por marcar as estreias de Davis e outro que ator que também se tornaria um mito, Humphrey Bogart. No mesmo ano, Davis apareceu em Seed.

Após uma série de aparições em filmes pouco memoráveis, Davis convenceu os executivos da Warner Bros. a emprestá-la a um estúdio rival, o RKO Pictures, para a produção de Of Human Bondage (br:Escravos do Desejo), em 1934. O filme, uma adpatação do romance homônimo do britânico W. Somerset Maugham, estrelada por Leslie Howard, fez grande sucesso com a crítica. A revista Life escreveu que a Mildred Rogers de Davis talvez fosse "a melhor interpretação de uma atriz americana registrada em filme". Quando o trabalho não foi indicado ao Oscar, a atriz Norma Shearer iniciou uma campanha por sua nomeação. Pressionada, a academia alterou as regras para a votação do ano, permitindo que nomes não presentes nas cédulas recebessem votos. Ainda assim, o Oscar de melhor atriz de 1934 foi entregue a Claudette Colbert, por Aconteceu Naquela Noite.
No ano seguinte, finalmente reconhecendo o potencial de Davis, a Warner Bros. deu-lhe o papel principal em Dangerous.



Convencida de que sua carreira estava sendo prejudicada, Davis abandonou a Warner Bros. antes do término de seu contrato, planejando atuar em dois filmes na Inglaterra. O caso foi levado à corte judicial inglesa que decidiu que a atriz deveria honrar seu contrato com a empresa.
Ao contrário do que se poderia imaginar, a briga judicial terminou por beneficiar Davis, que passou a ser vista com mais respeito pelo presidente da Warner Bros., Jack Warner. Em 1937, Davis estrelou Mulher Marcada ao lado de Humphrey Bogart. A produção foi baseada no caso real de Charles "Lucky" Luciano, mafioso levado à justiça graças ao testemunho de um grupo de prostitutas. E rendeu a Davis novos elogios da crítica.

Em 1938, Bette Davis interpretou um dos papéis que mais marcariam sua carreira, Julie Marsden, em Jezebel. Durante as filmagens, Davis iniciou um conturbado relacionamento com o diretor William Wyler. Posteriormente, ela admitiria que Wyler foi "o grande amor de minha vida". Pelo filme, Bette Davis recebeu seu segundo Oscar de melhor atriz. Jezebel marca o início da fase de maior sucesso da carreira de Bette Davis. Ela passaria a figurar entre as dez estrelas mais bem pagas de Hollywood e seria indicada ao Oscar de melhor atriz por cinco anos consecutivos, um recorde nunca igualado. Em contraste ao sucesso profissional, seu casamento com Ham Nelson chegava ao fim. Em 1938, Nelson, munido de evidências de que Davis estaria tendo um caso com o excêntrico milionário Howard Hughes, pede o divórcio.

Em 1941 Davis se tornaria a primeira mulher presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, mas antagonizou com membros do comitê por suas propostas radicais. Com a eminência da guerra na Europa, Davis propôs que a cerimônia do Oscar não fosse mais um banquete e sim em um teatro com entradas cobradas para coloborar com fundos de ajuda aos britânicos. Com a desaprovação e resistência do comitê, Davis renunciou ao cargo de presidente.

Com o ataque japonês a Pearl Harbor, Davis passaria o ano de 1942 viajando através dos Estados Unidos vendendo bônus de guerra e acabou sendo criticada pelo presidente da Warner Brothers, Jack Warner, por tentar persuadir multidões na compra.

Em 1947, Davis deu à luz sua primeira filha, Barbara. Na época pensou que sua carreira estava acabada por estar tão envolvida na maternidade.

Em 1949 Jack Warner liberou Davis de seu contrato com a Warner Bros., atendendo a seu pedido.



Em 1950, Davis filmou A malvada cujo roteiro descreveu como o melhor que já tinha lido em sua vida. O filme foi co-estrelado pela atriz Anne Baxter. Durante o filme, Davis conheceu e começou um romance com ator Gary Merrill com quem se casaria logo depois. Pelo filme, Davis foi indicada ao Oscar mas não ganhou. Porém ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes por este trabalho. No mesmo ano, Davis se divorciou oficialmente de William Sherry e dias depois se casou com Gary Merrill. Com o consentimento de Sherry, Merrill adotou Barbara. E logo após o dois adotaram uma menina chamada Margot.
Em 1952, Davis seria novamente indicada ao Oscar por sua atuação em Lágrimas amargas. No mesmo ano, Davis e Merrill adotaram mais uma criança, um menino chamado Michael.

Poucos filmes de Davis na década de 1950 atingiram sucesso. Enquanto sua carreira entrava em declínio, seu casamento arruinava-se. Davis e Merrill estavam constatemente discutindo e, em 1960, Davis pediu o divórcio.

Em 1962, ela atuou junto a Glenn Ford e Ann-Margret no filme de Frank Capra, A Pocketful of Miracles. No mesmo ano apareceu no filme O que teria acontecido com Baby Jane? junto a sua rival Joan Crawford, um filme de terror dirigido por Robert Aldrich pelo qual, Davis recebeu sua última indicação ao Oscar. O desempenho das duas atrizes foi admirável em todos os aspectos. Em sua biografia, conta que exclamou, ao saber que não havia levado a estatueta: "Grande! Perdi para uma principiante!" (Anne Bancroft levou o prêmio).



No final da década de 1960, Davis ainda fez The Nanny em 1965 e O aniversário em 1968, ambos sem muito sucesso.

No começo dos anos 1970, Davis foi convidada a aparecer no palco no Great Ladies of the American Cinema. Em cinco sucessivas noites, uma diferente estrela de cinema discutia sua carreira e respondia questões do público. Outras atrizes convidadas foram Myrna Loy, Rosalind Russell, Lana Turner e Joan Crawford.

Em 1977, Davis tornou-se a primeira mulher a receber do American Film Institute (Instituto de Cinema Norte-Americano) o prêmio por sua obra. Após o prêmio, recebeu várias propostas de trabalho. Em 1978, atuou na minissérie para televisão, The Dark Secret of Harvest Home e no filme Death on the Nile (br:Morte sobre o Nilo) baseado no livro de mistério de Agatha Christie. Em 1979 ganhou o Emmy por sua atuação no filme para televisão Strangers: The Story of a Mother and Daughter.

Foi indicada novamente ao Emmy em 1980 por White Mama e, em 1982, por Little Gloria… Happy at Last.
Seu nome começou a ficar mais conhecido entre os mais jovens da época, após Kim Carnes fazer sucesso mundial com a canção Bette Davis Eyes, em 1981.

Em 1983, durante as filmagens da série para televisão chamada Hotel, Davis foi diagnosticada com câncer de mama. Após uma mastectomia, Davis teve paralisia do lado direito no rosto e braço e teve que fazer fisioterapia para recuperar os movimentos. Com a saúde estável novamente, ela viajou para a Inglaterra para filmar mais um mistério de Agatha Christie, Murder with Mirrors, em 1985. No mesmo ano, Barbara publicou um livro intitulado My Mother's Keeper descrevendo o difícil relacionamento que tinha com a mãe. Vários amigos de Davis disseram que o livro não era tão fiel à realidade. Críticos de Barbara Hyman apontaram que Davis tinha dado suporte financeiro à família de Hyman e recentemente salvara-os de perder a casa em que viviam. Até seu ex-marido, Gary Merrill, a defendeu das acusações da filha.
Em sua segunda memórias publicadas em 1987, This 'N That, Davis escreveu sobre o livro da filha. Davis já havia publicado sua primeira memórias em 1962, The Lonely Life.
Em 1986 Davis apareceu num filme para televisão chamado As Summers Die, e para o cinema Baleias de agosto. Seu último filme foi Wicked Stepmother, de 1989.



Em 1989, em viagem à Espanha para ser homenageada no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, Davis teve problemas de saúde. Debilitada para fazer uma longa viagem de volta aos Estados Unidos, Davis viajou até a França onde foi internada no hospital americano de Neuilly-sur-Seine. Ela morreu no dia 6 de outubro. Encontra-se sepultada em Forest Lawn Memorial Park (Hollywood Hills), Los Angeles, Condado de Los Angeles, Califórnia nos Estados Unidos.9 Em sua sepultura está escrito: She did it the hard way.
Após a sua morte o diretor Steven Spielberg comprou os dois Óscares ganhos por Bette Davis em leilões ocorridos, entregando ambas as estatuetas para que ficassem aos cuidados da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Davis era notadamente uma mulher à frente de seu tempo. Altiva, de personalidade marcante, talentosa e independente. Era capaz de sair dos estúdios, ir até seu médico particular para que o mesmo lhe fizesse um curativo no rosto, pois sua cena era a de uma mulher que havia sido agredida e, em suas palavras, os maquiadores do estúdio não sabiam captar a cena. Seu estilo centralizador e perfeccionista era o que dava distinção, dentre tantas atrizes hollywoodianas, de ontem e, principalmente de hoje.



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