Em 1993 estreava pela FOX americana uma série que revolucionaria a
TV, e criaria uma legião de fãs pelo mundo: ARQUIVO X.
Criada por Chris Carter, o seriado
mostrava dois agentes do FBI, com visões diferentes de mundo, lutando contra
conspirações governamentais e investigando acontecimentos paranormais, que
desafiavam a lógica.
Analisando hoje a série, que está entre as melhores da história da
TV, enfrentou percalços no início e durante sua exibição, o que reduziu sua vida útil e até a qualidade dos episódios. No começo, a FOX não se
entusiasmou com o projeto de Carter; depois impôs dificuldades na escolha da
dupla central; e o investimento não foi dos mais generosos, a princípio.
Conforme The X- Files foi se firmando,
principalmente devido à propaganda 'boca-a-boca' e o sucesso aparecendo, os
atritos começaram a pipocar.
Primeiro entre o próprio Chris e alguns de
seus (melhores) produtores, Glen Morgan e James Wong. Os desentendimentos eram
constantes, até que os dois resolveram seguir caminhos independentes (fizeram,
entre outros projetos, Premonição).
Além de abandonar a série, abandonaram, também, Millennium, outro seriado de
Carter. Uma perda significativa.
Depois disso, a dupla principal, David Duchovny e Gilliam Anderson
começou a se estranhar por dinheiro. David sempre conseguiu ganhar mais do que
ela, e nunca escondeu sua satisfação a respeito. "Ela deveria arranjar
um agente melhor", disse ele. O desgaste era tal, que sempre que uma
cena acabava ambos se dirigiam para os respectivos camarins, sem trocar uma só
palavra.
Duchovny escrevia alguns bons episódios e
isso também contribuiu para que seu personagem caísse no gosto popular. Fox
Mulder era cultuado e inspirava uma multidão de gente que tinha as mesmas
ideias conspiratórias. Nos bastidores, o ator processava o estúdio, por
direitos de imagem não repassados a ele. Cada vez mais o dinheiro ia se
mostrando um inimigo difícil de se transpor.
Sabendo de sua importância para o show,
David criava empecilhos para os produtores com suas renovações demoradas e
incertas. Afinal, havia uma mitologia complicada envolvendo o agente Mulder
que, dificilmente, conseguiria ser explicada em pouco tempo. No final da 6ª
temporada, as negociações com ele estavam atravancadas e Carter, já cansado
disso, resolveu antecipar para a 7ª, a conclusão de alguns 'arcos' da série.
Apressou e pagou caro. A solução para a abdução da irmã (o fato que motivava Mulder e o fez entrar no FBI) teve uma explicação esdrúxula, comprometendo a qualidade
de Arquivo X. Duchovny, enfim, disse a todos que ficaria, mas já era tarde. Depois, ele
se comprometeu, apenas para metade da 8ª temporada, alegando compromissos no
cinema (que pouco aconteceu).
Ao começar a nova leva de episódios, o início do
fim já se desenhava. Novo ator para o lugar de David, novos complôs e novas
conspirações. Nada disso salvou o seriado, que começou a minguar nos números de
audiência. Chegou a suportar mais uma temporada (a 9ª e derradeira), mas foi só.
Sem Mulder, com Scully apenas como coadjuvante e um novo casal pouco inspirado
e sem carisma, o seriado terminou melancolicamente, se arrastando até o
episódio duplo, final.
A franquia ainda teve dois filmes para o
cinema (em 1998 e em 2008), sendo o mais recente, uma tentativa pálida de
retomar o clima soturno e claustrofóbico da série.
Mas a boa notícia é que na Comic-Con deste ano (maior evento de quadrinhos,
séries e filmes do mundo), o criador e os próprios atores confirmaram que há
planos para mais um filme, com tratamento digno e com uma produção ainda mais
caprichada.
Arquivo X marcou época. Revolucionou a TV,
gerou uma infinidade de imitações e deu ao seriado
status de Cult, coisa
reservada a poucas produções televisivas.
Mesmo que haja uma nova incursão
cinematográfica, ainda assim será impossível reviver os clássicos episódios das
primeiras temporadas.
E há 20 anos que A Verdade está lá Fora.
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