Culpa de uma visão equivocada da direção da casa ou apenas vítima
dos novos tempos que pulverizaram os videoclips e banalizaram a música como um
todo. Qual seja a razão para o fim da MTV, ainda assim ela será sempre lembrada
como um divisor de águas na televisão brasileira.
O Grupo Abril, detentor da marca
desde 1990, repassará à Viacom os direitos de exploração, fazendo com que o canal
musical vá para a TV por assinatura, concorrendo com VH1,
Multishow e similares. A tendência é ser engolida pelo sistema.
Desde os primórdios a MTV se mostrou de vanguarda. Ousava com seu
estilo despojado e com programação diferenciada. Os nomes que se mostravam
talentosos conseguiram dar uma identidade própria à emissora do Sumaré ¬ bairro
da zona oeste paulistana, onde ficava a sede. Pena que dos muitos nomes que por
lá passaram, nem todos vingaram fora do formato livre da Music Television.
Muitos chegaram a cair no ostracismo. Outros tiveram que voltar ao canal para
se reencontrarem como profissionais.
Os primeiros dias de transmissões foram alucinantes, recheados de
boa música (o momento era propício) e cheios de energia. Mesmo
involuntariamente, acabei tomando parte da inauguração, ao ser entrevistado por
uma repórter do canal que queria abordar sobre o “futuro” e a ficção
científica. Esse era o jeitão da trupe que trabalhava lá: não estavam seguindo
padrões pré-determinados. Tinham seu próprio ritmo e isso era admirável.
Por lá eram exibidos filmes, desenhos que se tornaram cult (Beavis
and Butthead, Garoto Enxaqueca e South Park). Entrevistas em formatos
diferentes, shows dos mais variados e a inclusão de humor na programação, sem nunca descuidar da
informação sobre música e afins.
Com o tempo foi sedimento os gêneros musicais (Heavy, Rap,
Eletrônica). Criou espaço para os clássicos e inovou em games e shows que
seguiam a linha da matriz, nos EUA, mas com um toque bem brasileiro que o canal
imprimiu ao longo dos anos.
Cazé, Marina Person, Zeca Camargo, Gastão, Cris Couto, Fábio Massari, Soninha e Astrid
Fontenelle surgiam como expoentes na emissora.
MAS...
Com o tempo o canal foi se adaptando. Já não era mais a Televisão
Musical de outrora. Nomes que haviam se destacado começaram a sair e se
arriscar em canais de TVs maiores.
A direção da casa começava a se moldar aos ditames da indústria
fonográfica e os estilos musicais já não eram de bom gosto. Novos tempos...
Tinha no seu Video Music Brasil a cereja do bolo (financeiramente
falando) e o seu inovador formato Acústico que se tornou sua marca registrada.
Até desgastá-lo por completo, devido à repetição e a escolha de nomes sem afinidade
com o estilo unplugged.
A MTV começou a patinar com a chegada do novo milênio. Não soube
se adaptar e tropeçava nas coisas que ajudou a criar. Os nomes que chegavam ao
canal musical nem de longe lembravam os pioneiros que ajudaram a sedimentar a
emissora. Limitados e sem carisma. Pessoas como Luana Piovani, Marcos Mion, Fernanda Lima e Daniela Cicarelli eram rostinhos que ficavam bem no vídeo, mas empolgavam pouco. Tiveram seus momentos. E foi só.
A direção artística da casa também não colaborava, assim como os
mandachuvas da Abril, que já queriam se livrar do imbróglio que era a marca MTV.
O grupo passava por dificuldades financeiras e queria se ver
livre de tudo aquilo que não era economicamente viável. Era o começo do fim.
A emissora chegou ao fim oficialmente no dia 26 de setembro,
mas há muito tempo estava na UTI.
As 23 e 57 minutos, rolou o último video da casa: The Soup Dragons (I'm Free). Escolha pessoal de Astrid que comandou o final da apresentação e uma das pessoas mais significativas da emissora do bairro do Sumaré, em SP. O som relembrou os momentos legais da MTV, quando a prioridade era a boa música.
As 23 e 57 minutos, rolou o último video da casa: The Soup Dragons (I'm Free). Escolha pessoal de Astrid que comandou o final da apresentação e uma das pessoas mais significativas da emissora do bairro do Sumaré, em SP. O som relembrou os momentos legais da MTV, quando a prioridade era a boa música.
Fica a história de uma emissora pequena (em SP era exibida em UHF,
o que significava, naquela época, uma audiência ínfima) que chacoalhou a TV
brasileira nos anos 90 e que encerrou suas atividades de maneira melancólica.
Ao menos valeu a viagem.
(VJs das antigas que compareceram à festa. Em tempo: os "globais" Zeca Camargo, Tatá Werneck, Marcelo Adnet e Márcio Garcia não compareceram, é óbvio...)
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