segunda-feira, 9 de junho de 2014

NEM SEMPRE O LIVRO É MELHOR DO QUE O FILME





Quase sempre a obra original (o livro) é melhor que suas eventuais para as telas. Por ser o ponto criativo ou por conter mais espaço para detalhar a trama e desenvolver personagens, o fato é que na literatura, a história parece ser mais completa. Mas há exceções.



Eis alguns exemplos de que um livro é apenas um livro perto de uma obra de arte que é um filme:






O Iluminado – A obra de Stephen King é mediana se comparada com a assustadora versão do inigualável Stanley Kubrick. King odiou a adaptação. Pudera. Ela se imortalizou, e seu livro ficou em segundo plano.

Da abertura ao final angustiante, Kubrick mostra que a obra original, apesar de ótima, foi mal aproveitada pelo autor. O diretor deu sua visão peculiar do enredo. Resultado: um dos melhores filmes de terror de todos os tempos.







Os Pássaros – Daphne du Marier fez uma obra admirável. Mas anos depois, o incomparável Alfred Hitchcock tornou a obra um clássico do suspense moderno, copiado à exaustão. O livro é de 1952; a produção de Alfred chegou aos cinemas em 1963. Nem é preciso dizer qual trabalho se imortalizou.








Ben Hur – Escrito em 1880 por Lew Wallace, então um ateu convicto, o livro era a tentativa de desacreditar os evangelhos, por parte do autor. Acabou se convencendo da existência de Jesus e daria a oportunidade de ser realizado em 1960, uma obra-prima do cinema, dirigido por William Wyler, que acabou ganhando 11 Oscars, um recorde absoluto.








Dr. Jivago – Clássico da literatura moderna, o romance tem o nome de seu protagonista, Yuri Jivago, um médico e poeta. Conta a história de um homem dividido entre duas mulheres sob fundo da Revolução Russa de 1917. Mas a versão cinematográfica realizada por David Lean superou o original. Marcou época e ganhou cinco prêmios, nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte – A Cores, Melhor Fotografia – A Cores, Melhor Figurino – A Cores e Melhor Trilha Sonora. Ainda foi indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Tom Courtenay), Melhor Edição e Melhor Som.








Rebecca, a Mulher Inesquecível – Nova parceria de Hitchcock e du Marier. O livro resvala mais para o sentimentalismo; o filme vai direto ao cerne da questão: a nova ocupante da casa sendo assombrada por uma falecida mulher que, mesmo não estando mais lá, parece mais presente do que antes. O clima claustrofóbico dá o tom da produção do mestre do suspense.








Fahrenheit 451 – Ray Bradbury, o criador da obra original, fez um libelo contra o totalitarismo e a decadente sociedade americana. O romance apresenta um futuro onde todos os livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas antissociais e hedonistas, e o pensamento crítico é suprimido. Já a versão para o cinema de François Truffaut é mais contundente e realizada de maneira cínica. A maneira crua com a qual o diretor aborda o tema é apenas mais um diferencial da película.









As Vinhas da Ira – John Steinbeck recebeu em 1962 o Nobel de literatura por esta obra magnífica, escrita em 1938, no auge da Depressão Americana. Já o mago John Ford levou sete semanas para realizar a adaptação, em 1940 e conseguiu a façanha de elevar o filme ao patamar de clássico, um dos melhores de todos os tempos. Além de ser premiado pela Academia de Artes Cênicas em 1941. Venceu nas categorias de melhor diretor (John Ford) e melhor atriz coadjuvante (Jane Darlene).
Indicado nas categorias de melhor ator (Henry Fonda), melhor montagem, melhor filme, melhor som e melhor roteiro.








As Pontes de Madison – de Robert James Waller. Conta a história de uma mulher casada (Francesca) que se envolve com um fotógrafo da revista National Geographic que vai a Madison, em Iowa, captar imagens das famosas pontes.

A história é contada em flashbacks. Após a morte de Francesca (Meryl Streep), seus filhos descobrem um manuscrito que revela essa passagem de sua vida. O filme passa-se em 1965.
A produção do longa foi conturbada, mas foi salva pela direção e também atuação de Clint Eastwood. A química entre ele e Streep é o diferencial do filme, além da forma correta como é conduzida a produção baseada em fatos ocorridos nos anos 60.








O Dia do Chacal – Frederick Forsyth estava inspirado ao escrever esse romance que é baseado em uma tentativa de fato de assassinar o presidente francês Charles de Gaulle, que aconteceu em 1963, por obra de Jean Bastien-Thiry. O carro onde estava De Gaulle chegou a ser metralhado. Thiry era um funcionário público francês insatisfeito em perder seu cargo na Argélia, em virtude da independência do país promovida por De Gaulle. Mas a adaptação cinematográfica senão é melhor, ao menos está em pé de igualdade com o original. Bem dirigida e roteirizada a película marcou a carreira vitoriosa do diretor Fred Zinneman, diretor de MATAR OU MORRER e A UM PASSO DA ETERNIDADE.





A Última Tentação de Cristo – o escritor grego Níkos Kazantzákis, autor de Zorba, o Grego foi escrachado em praça pública quando lançou A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO. Martin Scorsese tomou todo o cuidado do mundo para manter as palavras iniciais do livro ('é apenas uma obra de ficção’') no início do seu longa. Mas as polêmicas foram ainda maiores contra ele, do que o autor do livro. Ainda assim, a produção é melhor do que a obra literária. Desde a trilha de Peter Gabriel, passando pelas atuações inspiradíssimas de William Defoe e Harvey Keitel e com a costumeira direção segura de Scorsese, fica claro que, apesar de longo, está em um patamar superior ao seu original.







Vidas Secas – A obra é inspirada em muitas histórias que Graciliano Ramos acompanhou na infância sobre a vida de retirantes, na história, o pai de família Fabiano acompanhado pela cachorra Baleia, estes são considerados os personagens mais famosos da literatura brasileira. Data de 1938. A adaptação feita por Nélson Pereira dos Santos, que foi aplaudida de pé em Cannes é de 1963.
A utilização de tomadas de câmeras sem filtro (para captar a crueza do sertão, com todas as suas nuances) é um dos diferenciais do longa. As cenas têm um grau tão alto de realidade que durante o evento francês, os produtores foram questionados se a cachorrinha Baleia estava viva. Nélson, um dos grandes nomes do cinema nacional e expoente do Cinema Novo realizou uma obra vigorosa e sem igual. E conseguir superar um trabalho de Graciliano, não é tarefa para qualquer mero mortal.







2001, uma odisseia no espaço – 2001 é o primeiro livro da tetralogia de ficção científica Odisseia no Espaço, escrita por Arthur C. Clarke em 1968. O livro foi desenvolvido conjuntamente com sua versão cinematográfica, dirigida por Stanley Kubrick e publicado após o filme. A estória é baseada em vários outros contos de Clarke, sendo notável a influência de “The Sentinel”.

Ler a obra de Clarke e assistir a obra fundamental da ficção científica do cinema mundial são dois privilégios. Nesse quesito, Kubrick leva certa vantagem, pois a concepção visual é de deixar boquiaberto os espectadores.  




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