quinta-feira, 5 de junho de 2014

FILMES QUE PASSARAM DESPERCEBIDOS PELO PÚBLICO




Na mesmice que vive o cinema americano nos últimos anos é de se lamentar que muitos filmes passaram em branco nas bilheterias ou pouco chamaram a atenção do público, mesmo que tenham sido aclamados pela crítica.


Os “blockbusters”, aqueles arrasa-quarteirões com os quais nos acostumamos (ou fomos doutrinados a idolatrá-los) são os mais lembrados, mas de maneira injusta.


Muitas produções mereciam melhor sorte. 

Eis algumas:






Doces ecos do passado – O aclamado filme canadense de 1988, que foi aplaudido de pé no festival de Cannes. Remexendo num antigo baú, garoto descobre a história de sua avó, uma pianista famosa no início do século por musicar ao vivo filmes mudos. Uma nova realidade surge para os descendentes dessa mulher pioneira. Lembra o cultuado filme Cinema Paradiso, mas melhor que a produção italiana.








Noite de Desamor - Jessie Cates (Sissy Spacek) é uma mulher de meia idade com epilepsia e, por causa desse problema, não consegue arranjar emprego. Além disso, seu filho é viciado em drogas pesadas e seu casamento é um fracasso. Todos esses problemas fazem com que Jessie resolva cometer suicídio. O problema é que ela quer fazer isso na casa da mãe, Jessie Cate (Anne Bancroft), colocando-a em um dilema. Baseado em peça de Marsha Norman, o filme mostra um dos piores pesadelos que uma mãe pode enfrentar, já que o desafio de Thelma é convencer a própria filha de que vale a pensa viver, e para isso ela tem apenas uma noite.
Produção quase teatral, realizada em um único cenário, o longa de Tom Moore mostra um duelo de grandes atrizes, um roteiro forte e uma direção segura. Vale muito a pena acompanhar.










O Palco de Desilusões - Sally Field está no papel de uma dona-de-casa que resolve virar comediante profissional, se apresentando em bares e casas de shows. Ela conhece um comediante (Tom Hanks) com um pouco mais de experiência que vai lhe dando várias dicas. Eles se unem, se ajudam apontando as falhas um do outro, buscam novas chances e descobrem que fazer rir não é nada fácil, nem tão divertido.
É sabido que Tom Hanks sempre soube administrar bem a carreira; soube escolher os papéis que melhor lhe serviria a consolidar uma carreira em Hollywwod e, apesar deste filme ter passado em branco nas bilheterias, no final dos anos 80, merece ser visto (ou revisto) para se confirmar o talento ascendente e a participação excelente de Field.









Nosso Querido Bob - Leo Marvin (Richard Dreyfuss) é um psiquiatra que atravessa o momento mais importante da carreira. Leo acabou de lançar o livro " Passos de Bebê" e está prestes a ser entrevistado pela televisão, mas sua vida é tumultuada quando lhe é passado um paciente (Bill Murray) extremamente inseguro, que quando descobre que seu terapeuta vai sair de férias fica desesperado e usa diversos ardis para descobrir onde seu médico está passando férias com a família. Quando ele chega ao local o psiquiatra fica irritado, mas toda a família dele se simpatiza rapidamente com este paciente neurótico, mas extremamente amável, que sempre diz que está indo embora mas retorna pelos motivos mais diversos, deixando o terapeuta descontrolado.
A dupla Dreyfuss/Murray está perfeita e mostra uma sintonia fantástica. Murray saindo do estereótipo do sarcástico em tempo integral, que o acompanha desde os tempos do Saturday Night Live. Imperdível










O Demônio - Cinco pessoas que nunca se viram ficam presas num elevador de um arranha céu comercial. Enquanto rumavam para seus respectivos andares, algo acontece e ele para no meio do caminho. E o que para muitos já seria motivo de tensão, piora ainda mais porque estranhos e violentos acontecimentos começam a surgir dentro do pequeno espaço. Alguém ali dentro não é quem aparenta ser. O medo e a maldade tomam conta do local e do lado de fora, ninguém conseguie arranjar um jeito de ajudá-los.
Mais um roteiro de M. Night Shaymalan, o realizador de O Sexto Sentido e A Vila, mas que depois destes filmes sua carreira entrou em uma curva descendente. O roteiro é bem armado deixando o espectador em constante suspense para entender o que está acontecendo e, principalmente, quem é responsável pelos acontecimentos. Filmado quase que tempo integral dentro de um elevador, nem por isso deixa de ser eletrizante. Pena que naufragou nas bilheterias.










O Suspeito da Rua Arlington - Professor de história (Jeff Bridges) faz amizade com seus novos vizinhos (Tim Robbins e Joan Cusack), logo após ter salvo o filho deles. Desconfiado de que há algo, começa a achar que seus vizinhos têm um plano para explodir um prédio público e que podem ser, na verdade, terroristas.
A eterna paranoia americana com estrangeiros e sua conseguinte xenofobia é criticada nesse filme que não fez sucesso nas bilheterias no meio dos anos 90. O roteiro mostra que o perigo pode estar ao lado e ser do nosso convívio pessoal. Numa clara referência ao atentado de Oklahoma em 1995 pelo americano Timothy McVeigh, ligado a grupos ultra-radicais de extrema direita dos EUA.
As interpretações dos atores centrais são notáveis. Se houvesse visibilidade suficiente, a produção poderia ter abocanhado algumas indicações ao Oscar.










A Última Profecia - John Klein (Richard Gere) é um respeitado jornalista que trabalha no Washington Post. Ele e sua esposa, Mary (Debra Messing), procuram uma nova moradia e acabam encontrando a casa de seus sonhos. Porém, pouco depois de decidirem pela compra são vítimas de um acidente de carro e o estado de Mary é grave. No hospital, ao fazer exames, se descobre que ela é portadora de um tipo de tumor no lóbulo temporal muito raro. Ela passa a ter visões e logo depois morre. Dois anos depois, ao dirigir para Richmond para um encontro profissional, se desvia inexplicavelmente 650 quilômetros da sua rota, indo para Point Pleasant, uma pequena localidade em West Virginia. Ele parou ali pois seu carro aparentemente apresentava problemas, mas ao pedir para telefonar é ameaçado por Gordon Smallwood (Will Patton), que lhe aponta uma arma dizendo que é o estranho que, pela terceira vez, aparecia na sua casa às duas e meia da madrugada. Ele tenta entender como percorreu uma distância tão grande em menos de duas horas. No outro dia, ao tentar resolver o problema do seu carro, descobre que o veículo não tinha nenhum defeito. Ao saber que estranhos fenômenos ocorreram, ele fica no local a fim de investigar e fica sabendo que tais fatos estão relacionados às imagens desenhadas por Mary pouco antes de sua morte.
Baseado em fatos ocorridos na Europa, no começo dos anos 80.









Ricochet, Sem Limites Para Vingar - O policial Nick Styles (Denzel Washington) é visto como um herói após ter prendido o perigoso psicopata Earl T. Blake (John Lithgow). O bandido nutre, desde então, uma profunda raiva contra Nick. Sete anos depois, quando escapa da prisão, Blake começa por em prática seu plano de vingança, onde destrói a carreira do policial junto a corporação, ao público e à sua família.
Filme de quando Denzel ainda buscava se afirmar em Hollywood em papéis centrais. Ele havia acabado de receber um Oscar por Tempo de Glória, mas como coadjuvante. Tanto ele quanto Lithgow dão um show à parte.










A Morte Pede Carona – Revelado pelos primeiros longas do compatriota Paul Verhoeven, o ator holandês Rutger Hauer já havia feito nos EUA "Blade Runner" (1982) e "O Feitiço de Áquila" (1985) quando John Ryder, o misterioso assassino serial de "A Morte Pede Carona" (1985), o popularizou como ícone de beleza e perturbação.
No filme, um jovem (C. Thomas Howell) planeja levar um carro de Chicago até San Diego. Seu pesadelo tem início quando oferece carona a um estranho (Hauer), que o envolve em vários crimes e o obriga a fugir da polícia. Uma garçonete (Jennifer Jason Leigh) o ajuda.
O filme só foi descoberto em sua plenitude quando houve uma versão realizada em 2007. A comparação é inevitável, já que a produção de 1985 é sóbria e não uma versão adolescente sem graça como foi a refilmagem. Rutger Hauer em uma atuação de gala merecia ser lembrado pela Academia de Hollywood. O roteiro parece perguntar 'como as pessoas permitem que entrem ameaças em suas vidas'?








Fuga à Meia Noite - O esperto estelionatário Jonathan Mardukas (Charles Grodin) é capturado pro Jack Walsh (Robert De Niro), um caçador de recompensas que deve levá-lo de Nova York até Los Angeles. Mas o caçador ainda não sabe que seu prisioneiro deve uma fortuna à máfia e está sendo perseguido por assassinos.
De Niro, como sempre, está ótimo; mas o que Charles Grodin consegue é digno de louvor: ele não '‘desaparece’' ao contracenar com Robert, o que é muita coisa, em se tratando de uma lenda viva, que ainda estava no auge.

O filme transita da comédia à aventura e com muitas cenas de ação sem perder o ritmo ou o objetivo. Ponto para o diretor Martin Brest, de Um Tira da Pesada.







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