segunda-feira, 17 de novembro de 2014
CRÍTICA – filme NOITE DE DESAMOR
A mãe vê a filha limpando o cano de uma arma e pergunta: “o que está fazendo?”, e ela responde, “está noite vou me matar, mamãe”.
Com esse início que pega na jugular, o roteiro de Martsha Norman, baseado em sua peça de teatro dá o cartão de visitas. E é impactante.
Lançado nos idos de 1986, o filme tem todos os ingredientes para se fazer um filme: direção segura (Tom Moore), elenco perfeito (Sissy Spacek e Anne Bancroft) e roteiro seguro. Mesmo em uma espécie de “teatro filmado”, dado o ritmo lento e as longas cenas sem edição –o que permite às atrizes desempenhar os papéis com total liberdade – a história prende desde o instante inicial.
Spacek faz a filha, amargurada, sofrendo pela doença, pelo filho que é um perdido na vida, pela ausência total de perspectivas e pela alienação plena no ambiente familiar. A ela cabe a confissão.
Bancroft é a mãe que, em quase total desespero tenta, às duras penas, dissuadi-la da ideia do suicídio.
O que se vê é uam batalha travada por duas mulheres com visões distintas de mundo, tentando convencer o outro lado que a sua verdade é a real.
Moore – diretor habituado a dramas e até com alguns episódios no seriado Anos Incríveis – exerce seu trabalho com precisão. Faz com que o roteiro não se torne um dramalhão mexicano, nem que se sucumba aos clichês do gênero.
O duelo de titãs das atrizes renomadas e vitoriosas em suas respectivas carreiras é outra atração à parte. Não se privilegia nenhuma delas. A direção as mostra em iguais proporções. Um embate em que nenhuma quer ceder. Nem podem.
Filmado praticamente em apenas um cenário, a produção é ousada e com uma temática forte, abordada de maneira adulta e sem tomar partido do argumento A ou B.
Tom Moore opta por mostrar a discussão de maneira nua e crua e deixa a conclusão para o espectador. Principalmente sobre o final.
Numa época em que os estúdios em Hollywood optaram pelo entretenimento em ritmo de videoclipe (com cortes rápidos e com trilha sonora à granel) acompanhar um filme como Noite de Desamor é algo diferente. E, para os amantes da sétima arte, algo único.
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