O ano era de 1979. O filme que chocou o mundo se chamava CANNIBAL HOLOCAUST.
Uma produção “B” que primava pela escatologia e cenas de morte quase reais. O filme, de Ruggero Deodato, com roteiro de Gianfranco Clerici praticamente foi o primeiro filme de “found footage”, ou algo como 'gravação encontrada'.
A ideia era de fazer algo que fosse o mais próximo da realidade possível. Para isso, deveria excluir direção, tomadas de câmera tradicionais e evitar efeitos especiais.
Para que isso funcionasse deveria-se criar um argumento em que os próprios personagens tivessem a câmera nas mãos. Nesse caso uma 'equipe' de quatro documentaristas de tribos que embrenham-se na selva para filmar indígenas. Dois meses mais tarde, depois que o grupo não retorna, o antropólogo Harold Monroe viaja em uma missão de resgate para encontrá-los.
Muito do que se chama de gore (cenas de sangue e morte em excesso) veio dessa produção americana.
Mas não houve muito “found footage” após isso. Até 20 anos depois...
Em outubro de 1994 três estudantes de cinema desapareceram nas proximidades da floresta de Burkittisville, em Maryland, enquanto filmavam um documentário.
Um ano depois, as filmagens deles foram encontradas...
Com essa frase de divulgação, os diretores Daniel Myrick e Eduardo Sanchez apresentaram A BRUXA DE BLAIR ao mundo.
Com uma tática inovadora e com o ajuda indispensável da internet, os dois deram uma visibilidade imensa ao projeto que custou pouco mais de 35 mil dólares.
Para promover A Bruxa de Blair, foi dito que se tratava de um documentário real, assim como foi feito com “Holocausto Canibal”. Para isso, foi feita uma parceria com vários sites conhecidos, que junto à ficha de cada ator, foi colocado que seu paradeiro era desconhecido.
O trio foi escondido em um hotel. O cartaz com os dizeres “procura-se” foi divulgado à exaustão. A rede bombou com a pseudo-notícia e o que era pra ter uma publicidade simples, acabou fazendo com que o falso documentário ficasse na lista dos mais assistidos do cinema americano de 1999.
O sucesso arrebatador, que se espalhou pelo mundo, fez com que o gênero ficasse em alta e diversos estúdios investissem em películas parecidas. Várias cópias surgiram, inclusive paródias (Todo Mundo em Pânico) e tentativas de se pegar carona no sucesso. Mas sem o mesmo desempenho.
Muito se fez e pouco se conseguiu. O alcance da Bruxa estava em um patamar elevadíssimo. Mas em 2009 (dez anos depois) uma nova empreitada dava as caras no cinema.
ATIVIDADE PARANORMAL mostra um jovem casal que se muda para uma casa onde fenômenos inexplicáveis começam a acontecer; eles resolvem filmar tudo a noite, enquanto tentam dormir, pois é o horário em que as Atividades Paranormais normalmente acontecem com maior frequência.
A novidade dessa vez foi o trailer promocional. O que se via, na verdade, era a reação das pessoas ao assistir ao filme. Isso instigou o público e a produção, barata, ganhou milhões de dólares mundo afora, além de criar uma rentável franquia.
Até mesmo em outros países a febre se espalhou. E da Espanha veio um dos melhores: REC.
O clima claustrofóbico da produção instiga o espectador do começo ao fim, além de ser criativo. Mostra uma repórter que, ao acompanhar o dia a dia de um batalhão do Corpo de Bombeiros, acaba se deparando com uma casa onde há pessoas supostamente infectadas. O ritmo é frenético.
Gerou uma sequência fraca e uma refilmagem americana sem graça.
Até diretores consagrados se enveredaram pelo estilo. CLOVERFILED, de JJ Abrams e THE BAY, de Barry Levinson. Ambos filmes de boa qualidade.
O found footage se estabeleceu como subgênero forte dentro do terror. A BRUXA DE BLAIR foi quem fez desse estilo uma vertente que veio pra ficar.
Muito do que se viu após esse filme nem sempre foi memorável.
Os que valem a pena assistir:
VHS (o original, esqueça a sequência);
APOLLO 18;
CONTATOS DE 4º GRAU;
GRAVE ENCOUNTERS- FNÔMENOS PARANORMAIS;
A POSSESÃO DE MICHAEL KING;
EXISTS – do mesmo diretor de A BRUXA DE BLAIR