O CAVALEIRO DAS TREVAS é uma das maiores obras da história da 9ª arte. Ele mostrava um Bruce Wayne envelhecido e profundamente amargurado. Uma aposentadoria forçada, após a morte de Robin, da qual se sente responsável.
Ao incluir o maior inimigo do Homem-Morcego (o Coringa) e o confronto antológico com o Homem de Aço, Frank Miller fez com que os fãs enlouquecessem.
Isso virou uma febre. Assim como os confrontos entre vários super-heróis. A ruptura definitiva com o que havia de ingênuo nos quadrinhos caíra por terra naquele momento.
Outras obras de arte surgiram concumitantemente, como A PIADA MORTAL e WATCHMEN, de Alan Moore. A estética diferenciada sepultou de vez a visão infantil dos gibis.
Na esteira dessas obras grandiosas vieram as GRAPHIC NOVELS. A última geração no quesito quadrinhos.
Batman se tornou o maior trunfo da DC.
Foi explorado à exaustão, em quadrinhos de linha, em minisséries, como “convidado” para alavancar vendagens de outros títulos, situações esdrúxulas (chegou a “viajar no tempo” várias vezes), revitalizou a Liga da Justiça e, conseguinte, seus principais integrantes acabaram ganhando relevância.
Frank Miller mostrou uma faceta do Homem-Morcego que ninguém ousou fazer. A partir daí, a editora descobriu o filão de ouro.
Miller foi responsável por alçar a Detective Comics ao patamar da Marvel. A partir daí, ambas empresas competiram quase que em pé de igualdade pelo mercado.
A NONA ARTE CHEGA À 7ª ARTE
Após uma longa batalha judicial (o embate remonta à 1992, quando James Cameron se predispôs a dirigir o Cabeça de Teia na telona), o Homem Aranha chega aos cinemas, via Sony Pictures, quem acabou detendo os direitos sobre o personagem. Com essa longa e confusa demora, Cameron, envolvido até o pescoço com o filme TITANIC, já não estava mais interessado .
Se nos anos 70 e 80, os heróis chegavam ao cinema e à TV de maneira tosca, dessa feita as coisas deveriam ser diferentes. As películas realizadas no anos 90 deveriam também deveriam ser esquecidas. O Justiceiro (1990), Capitão América (1992) e Nick Fury (1998) foram derrapadas feias. Assim como adaptações televisivas infantilóides, que pouco ou nada acrescentaram aos heróis.
No novo milênio o momento era propício e a revolução tecnológica possibilitava. Nessa retomada, os X-MEN foram os primeiros a serem testados, em 2000. A reação do público não poderia ser melhor. A bilheteria ficou muito acima das expectativas, possibilitando, inclusive, sequências. Foi um espetáculo à parte. Tudo funcionava de maneira perfeita. Uma direção segura, atores que se adaptaram muito bem aos personagens e, claro, efeitos especiais de primeira.
O nome da vez era o HOMEM ARANHA. Em 2002 o lançamento causou frisson entre os fãs do Aracnídeo. Ver nas telas o Amigão da Vizinhança se balançando pleos edifícios, era um sonho se tornar realidade. Mais um arrasa-quarteirão. E a Marvel percebeu o potencial que tinha e planejou voos mais altos.
Em 2003 foi a vez do INCRÍVEL HULK, em 2004, O JUSTICEIRO e em 2007 o MOTOQUEIRO FANTASMA. Se o impacto foi menor, ao menos ajudou a ampliar os personagens do universo Marvel no cinema.
Outro grupo a pintar na telona foi o festejado QUARTETO FANTÁSTICO, lançado em 2005. Fez sucesso e gerou uma sequência com a participação do SURFISTA PRATEADO. Mas tanto o grupo liderado por Reed Richards, quanto o Aranha tiveram seus reboots lançados cedo demais. Talvez por não ficarem plenamente satisfeitos com o resultado final, os produtores resolveram reiniciar. No caso do Cabeça de Teia deu certo.
Com os lançamentos de Homem de Ferro e Thor, os 'voos' da Casa das Ideias se tornavam mais claros: trazer o ambicioso projeto OS VINGADORES para as telas.
O projeto vingou e o filme se tornou uma das maiores bilheterias de todos os tempos. Era ver chegar ao ápice os heróis e suas sagas dos quadrinhos de décadas atrás. Isso também possibilitou o fomento dos gibis, que viviam um momento crítico no fim dos anos 90.
Todas os filmes tinham o controle rígido da Marvel Studios e com produção executiva de Stan Lee, o homem responsável, também, pelo "OK" final das produções hollywoodianas. Nada mais justo, afinal ele era o 'pai das crianças'.
Já pelos lados da DC, os caminhos foram mais tortuosos.
Pode-se dizer que o SUPERMAN, de Richard Donner, feito em 1976 é um clássico. Mas nem sempre um sucesso gera qualidade. Isso vale pras continuações (menos a PARTE 2, ÓTIMA) e para SUPERGIRL. Também, a versão cinematográfica de O MONSTRO DO PÂNTANO, de Wes Craven, foi decepcionante.
Mas em 1989, o criativo Tim Burton realizou a sua versão gótica do Homem Morcego. Filme autoral, que dava mais ênfase aos personagens, do que as vertiginosas cenas de ação dos gibis, acabou se notabilizando pelo visual, a música genial de Danny Elfman, ex líder do Oingo Boingo, a trilha de Prince e, evidente, pela interpretação de Jack Nicholson, com seu Coringa desvairado.
Sucesso de bilheteria que acabou gerando continuações caça-níqueis e de gosto duvidoso que dilapidaram o 'produto' Homem Morcego. A própria Warner percebeu a burrada. Assim como a versão de A MULHER GATO, interpretado pela gata Halle Berry foi uma jogada errada e mal planejada.
Os reboots começaram com BATMAN BEGINS (2005). Talvez a obra mais próxima do clima soturno dos quadrinhos de Frank Miller, responsável por deixar o personagem adulto com THE DARK KNIGHT (1987).
O sucesso foi fenomenal e abriu espaço pra mais.
Em 2006 foi a vez de SUPERMAN RETURNS. Diferentemente da versão das telinhas (SMALLVILLE era sucesso absoluto de audiência) o Homem de Aço ficou abaixo das expectativas. Ainda assim, a editora conseguiu emplacar o LANTERNA VERDE em 2011. Adaptação fraca mas suficiente para apresentar o herói para o grande público. Afinal, era do interesse dos executivos, também criar um arco que possibilitasse chegar à LIGA DA JUSTIÇA.
Mas sem a mesma competência da Marvel, os poderosos dos estúdios esqueceram de trazer a MULHER MARAVILHA, AQUAMAN, FLASH e ARQUEIRO VERDE –esses últimos chegando apenas em séries televisivas.
Com o CAVALEIRO DAS TREVAS, tivemos o melhor exemplo de adaptação da história dos gibis. Tudo funciona perfeitamente, mas com destaque para a elogiadíssima atuação de Heath Ledger como o ensandecido CORINGA. O filme teve várias indicações ao Oscar, incluindo melhor produção. Ledger ganhou uma estatueta póstuma, com todos os méritos.
A trilogia fechou com THE DARK KINGHT RISES. A nova versão do Homem de Aço foi sucesso de bilheteria, mas pobre em todos os quesitos. Serviu para abrir a porta para o mais ambicioso projeto da DC no cinema: BATMAN vs SUPERHOMEM. Com a introdução da Mulher Maravilha no longa, a chance de se filmar a LIGA será grande num futuro próximo.
O EFEITO “CLONE”
Mas nem tudo que foi feito pelas editoras num passado recente pode-se dizer que tenha sido eficiente. Stan Lee ainda era inpiração para muitos, mas isso não refletia nas criações, necessariamente.
Como se sabe, todo personagem dos quadrinhos que se preze já morreu. Muitos mais de uma vez. E sempre numa clara tentativa de alavancar as vendas. O herói 'morria', penava e voltava. Foi assim com Demolidor, Capitão América, SuperHomem e Batman –esse não chegou a morrer efetivamente.
O problema foi quando fizeram a mesma coisa com o Homem Aranha.
Nos anos 70, houve um arco de estórias que envolveu o Cabeça de Teia em uma trama envolvendo clones, palavra ainda pouca usada, na época.
Tudo isso numa desesperada tentativa de dar um alento aos fãs irados com aentão, morte da namorada de Peter Parker, Gwen Stacy. A tragédia foi muito mal recebida pelos admiradores do Aranha. Gerry Conway surge com a ideia de usar uma réplica de Gwen, já que a morte dela havia sido definitiva. Stan Lee, então presidente da Marvel topou a estória.
Tudo funciona como um relógio e o mais novo vilão, o Chacal, que descobrira a identidade de Peter Parker, faz da vida dele um verdadeiro inferno.
Mas ao final da saga, onde o JUSTICEIRO faz sua estréia nos gibis, há uma falha que nunca foi corrigida ou citada novamente. Quem, afinal, sobreviveu ao derradeiro confronto, o verdadeiro Aranha ou sua cópia? Conway deixou (propositalmente?) em aberto.
Nos anos 90, Tom deFalco e cia fizeram uma necessária continuação. Mas os roteiristas gostaram tanto da ideia, que optaram por dar um rumo inusitado às estórias: o clone, na verdade era o Homem Aranha e, o herói que as pessoas estavam acostumadas a ver, era a farsa.
A princípio os fãs pensaram se tratar de mais um golpe de marketing da editora. Quando perceberam que era pra valer, a coisa mudou de figura. Afinal, os leitores assíduos se deram conta que foram enganados por mais de 20 anos.
O resultado de tamanha incompetência foi a queda nas vendas dos quadrinhos do Aranha e, subsequente, dos demais títulos. Em 1997, a Marvel chegou a entrar em concordata, para ganhar tempo e fôlego para estabilizar novamente as coisas.
Foi o pior momento vivido pela editora desde sua fundação. Tiveram que reorganizar tudo, às pressas. Trouxeram novamente o Peter Parker original (que passou a ser o clone) e mataram o clone – que passou a...bom, vocês entenderam.
O sucesso dos filmes deram alento financeiro à editora. Hoje, nas mãos da Disney, ainda é muito lucrativa. Mas foi por um triz que o império erigido por Lee viesse ao chão por um erro crasso de avaliação mercadológica.
Mas isso ficou pra trás.
E tudo isso começou com um visionário que redefiniu a forma de se contar estórias. Um gênio que influenciou boa parte do que se produziu na 9ª arte durante o século XX.
Stan sempre foi “o cara”, mas nunca o foi sozinho. Suas principais criações tinham parcerias, fosse com Kirby (Vingadores, Quarteto), Ditko (Homem Aranha), John Romita Sr e John Buscema (Mulher Hulk).
Ainda assim, seu trabalho foi um divisor de águas. A história dos quadrinhos é “antes dele” e “depois dele”. Com todos os méritos.
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* STAN LEE E O MUNDO DOS QUADRINHOS
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