segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O SUSPEITO DA RUA ARLINGTON




Hollywood dificilmente expõe a verdadeira faceta americana nas telas. Suas infinitas invasões a países soberanos, as guerras, conspirações e golpes de estado patrocinado pelo país que se autointitula “a maior democracia do mundo” são esquecidos pelos magnatas do cinema dos EUA. O americano médio não gosta de ver isso nas telas. Apenas o pretenso heroísmo de seus soldados levando liberdade (!!) a outras nações. Assim como nos anos 70 pouco se falava sobre a derrota na guerra do Vietnã. Mas há exceções.



O filme O SUSPEITO DA RUA ARLINGTON mexe na ferida que os produtores evitam com frequência; terrorismo doméstico.



A sinopse é simples: professor de história (Jeff Bridges) faz amizade com seus novos vizinhos (Tim Robbins e Joan Cusack), logo após ter salvo o filho deles. Desconfiado de que há algo errado, começa a achar que seus vizinhos têm um plano para explodir um prédio público e que podem ser, na verdade, terroristas.





A paranoia de Bridges é realçada pelo fato que sua falecida mulher sucumbiu em uma ação equivocada do FBI. Uma tragédia pessoal que fez de suas aulas uma cruzada pessoal.



Seus novos amigos são pessoas do dia a dia. Levam os filhos à escola, as crianças frequentam os escoteiros e fazem churrasco com os vizinhos aos finais de semana. E, além disso, são WASP, a sigla em inglês para “branco, anglo-saxão e protestante". Digo isso porque destoa do perfil que todo estadunidense faz dos terroristas: via de regra é muçulmano.



Para um conhecedor da história, basta lembrar do atentado em Oklahoma, em 1995, protagonizado por Timothy MacVeigh e sua trupe de fanatizados. Na verdade, dois colegas que o ajudaram. Ele, um ex soldado da guerra do Golfo, foi o cabeça de tudo. Ele, branco de família tradicional do sul dos EUA e protestante.

Pouco ou nada mais se fala sobre essa tragédia que vitimou 168 pessoas.



O filme de Mark Pellington (diretor do ótimo AÚLTIMA PROFECIA, com Richard Gere) lida com essa questão espinhosa.



O elenco é excelente, com destaque para Jeff e Tim Robbins, que nas horas vagas é um bom diretor também –vide OS ÚLTIMOS PASSOS DE UM HOMEM.



O final é fantástico, pega na jugular. Mas há uma versão diferente no DVD original.




Pra quem ainda não viu, vale conferir. Apesar de ser uma produção de 1999, é atualíssimo, pelas questões geopolíticas que vivemos nesse mundo tão conturbado. E nesse cenário O SUSPEITO traz uma reflexão e tanto sobre o tema terrorismo.




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