Nada mais enfadonho do que ver fanboys brigando nas redes sociais pra ver qual empresa tem os melhores personagens imaginários.
Uns optam pela Casa das Ideias; outros são groupies da Distinta Concorrente. Mas (quase) todos tem em comum o espírito de “Fla-Flu”, quando se trata de defender a sua editora favorita.
A Marvel larga na frente
A Marvel começou seu projeto cinematográfico antes da DC, mas de maneira difusa. Os direitos de alguns personagens estavam espalhados –a tentativa desesperada de salvar o pescoço no fim dos anos 90, quando a empresa estava em concordata, e precisava de grana, e rápido –e isso dificultava aprofundar no seu próprio universo para realizar filmes. Mas a Fox (com X-MEN, QUARTETO FANTÁSTICO e, por um certo tempo DEMOLIDOR) ajudou a pavimentar os heróis Marvel na telona. Assim como a Universal com o HULK. A Sony, com o HOMEM ARANHA, elevou os filmes de super-heróis à categoria de 'blockbuster'.
Com o caixa em dia era hora da própria Marvel realizar suas próprias produções.
Mas tinha que ser não uma só, mas várias produções que fossem intercaladas, como nos quadrinhos, onde o fim de uma história não é propriamente um fim, mas sim a ligação com outros títulos.
Se funciona com a nona arte, funcionaria também com a 7ª.
HOMEM DE FERRO foi um triunfo, principalmente pela escolha de Robert Downey Jr como Tony Stark. Verborrágico, sarcástico e com veia pra mega produções, Robert ERA Stark. Isso fez com que a produção levasse multidões aos cinemas e aguçasse a curiosidade dos fãs. Seria esse o início de um 'universo cinematográfico' grandioso? Sim. E com toda pompa e circunstância.
A intenção era culminar com os Vingadores e, para isso, deveriam lançar outros heróis antes disso. THOR e CAPITÃO AMÉRICA fizeram muito bem a lição de casa e possibilitaram que a reunião dos “maiores heróis da Terra” fosse um sucesso bilionário.
A Marvel viu que tudo estava indo de vento em popa. Seu projeto não era mais para intercalar filmes, mas sim sagas. E pra isso a empresa planejou de maneira minuciosa seu projeto em “fases”. Além de emplacar séries na TV que tivessem correlação com seus filmes. AGENTE CARTER E AGENTES DA MARVEL são exemplos.
A fase 2 opta pelas continuações de HOMEM DE FERRO, THOR e CAPITÃO AMÉRICA, além de O HOMEM FORMIGA e GUARDIÕES DA GALÁXIA. Novamente, os filmes se tornam sucesso de bilheteria.
Já a fase três, teve início em 2016, com Guerra civil.
Mas e a DC?
Sabendo que sua maior rival nadava de braçadas nas bilheterias mundiais, a editora e sua detentora, a Warner, começaram a se mexer. Mas de maneira lenta e confusa. Tanto que DEMOLIDOR, ELEKTRA e LANTERNA VERDE foram criticados pela mídia americana –apesar de ELEKTRA ser melhor que os dois longas.
Veja, filmes não são arte e nem estúdios tampouco lugares onde a “mágica acontece”. São empresas e seus acionistas pressionam por resultados. Assim que a Warner Studios teve que encarar sua empreitada cinematográfica: resposta a seus a clientes que viam oportunidades perdidas no mercado.
Sob pressão e finalmente com um projeto, Zack Snyder (que fez o razoável 300 e o impressionante WATCHMEN), ficou incumbido de dar o VERDADEIRO pontapé inicial na jornada da DC nos cinemas.
HOMEM
DE AÇO chegou cercado de expectativas e fez bonito, tanto nas
bilheterias mundo afora, quanto para boa parte da crítica. Foi uma
versão melhorada do Superman de 1976, que até os dias de hoje é
lembrado como uma das melhores adaptações de quadrinhos para o
cinema.
O
filme de Snyder tinha que dar certo, para sua mais ambiciosa produção
pudesse ser realizada BATMAN vs SUPERMAN.
Quando
as notícias começaram a surgir, os fãs entraram em frenesi, já
que era um sonho de consumo ver os maiores nomes da DC se enfrentarem
nas telonas –a obra de Frank Miller (O CAVALEIRO DAS TREVAS) onde
eles se enfrentam é considerada uma das maiores obras da 9ª de
todos os tempos; e com muita razão.
Os
primeiros trailers demonstravam que o filme seria antológico,
aumentava a expectativa, mas também a responsabilidade de Zack e do
projeto da Warner/DC.
E
pudemos acompanhar um grande filme, mas não uma obra grandiosa que
sugeria. Isso não desqualifica em nada a produção e sequer o
projeto. Apenas as expectativas talvez fossem exageradas.
O
filme chegou próximo de 1 bilhão nas bilheterias do mundo todo e
manteve os projetos seguintes (ESQUADRÃO SUICIDA, MULHER MARAVILHA e
LIGA DA JUSTIÇA) como grandes apostas tendo tudo para
corresponderem.
Mas
por que diabos os fãs ficam se digladiando por isso?
Os
fãs da Marvel não gostam das críticas que os filmes da “Casa das
ideias” são cheios de humor, com censura quase livre para os
filmes. Os da Detective Comics, não aceitam que se diga que BvS foi
nada menos do que soberbo e o “maior filme de heróis de todos só
tempos”.
Porra,
será que a discussão já chegou a esse ponto? Competição é
saudável, críticas são bem-vindas (se são construtivas) e erros
nesse fase inicial são perfeitamente normais. A própria Marvel
padeceu com críticas a algumas de suas superproduções. É possível
levar de boa tudo isso, bater no liquidificador e tocar o barco?
O
filme de Snyder é um baita filme e, claro que seria mais sombrio, já
que tem BATMAN na parada. Portanto, não se pode esperar humor. A
versão sem cortes da película corrige algumas distorções.
Os
filmes da Marvel claro que são mais leves. Primeiro, fazer filmes
com censura maior, diminui a renda --DEADPOOL veio pra provar que é
um tabu que pode e deve ser derrubado-- e nas páginas dos
quadrinhos, é normal cenas mais fortes serem entrecortadas por
tiradas de humor, para amenizar a tensão. LIDEM COM ISSO.
Também
tem a discussão “os filmes da minha empresa favorita rendeu mais
que os da sua”. OK. Desde que você prove que tá ganhando
participação nas bilheterias pra usar esse argumento, de boa
então...
Mas
se não, entenda que filmes tem orçamento alto, despesas que devem
ser cobertas e patamar mínimo pra ser considerado sucesso comercial.
TODOS eles foram sucesso. Seja os da Marvel, seja os da DC. Além de
bilheteria em âmbito mundial, são levados em conta: vendas em DVD e
BLU-RAY, vendas para TV e produtos licenciados.
“Ah,
mas os críticos do Omelete (do UOL) falaram mal do BATMAN vs
SUPERMAN”. E desde quando os caras de lá entendem de cinema e
séries? Nunca entenderam e vão morrer tentando entender. E se fosse
pelo nome forte do UOL por trás, nem teriam muita credibilidade.
A DC emplacou vários de seus personagens em séries televisivas, expandindo ainda mais seu universo, conquistando mais fãs e repaginando seus quadrinhos de linha.
Talvez seja mera ilusão da minha parte, mas que tal a gente curtir o melhor das duas editoras, tanto nos quadrinhos, quanto na TV e cinema?
Filmes,
seriados, animações, gibis, games, produtos licenciados a perder de
vista...Tanta coisa pra gente desfrutar e fica um bando de moleque
mimado brigando nas redes sociais sobre quem tem os melhores
personagens? Gente, na boa, mas isso é perda de tempo. Curta tudo o
que for lançado pelas empresas. Até porque nunca foi tão bom ser
nerd, quanto no século XXI...