Ruth Elizabeth "Bette"
Davis (Lowell, 5 de abril de 1908 — Neuilly-sur-Seine, 6 de outubro
de 1989), foi uma atriz estadunidense de cinema, televisão e teatro.
Conhecida por sua vontade de interpretar personagens antipáticas,
ela era venerada por suas atuações numa variada gama de gêneros
cinematográficos; de melodramas policiais, filmes de época e
comédias, embora seus maiores sucessos tenham sido romances
dramáticos.
Em 1915, os pais de Davis
se separaram e Betty e Bobby foram matriculadas no internato de
Crestalban em Lanesborough, cidade localizada no planalto de
Berkshire. Em 1921, Ruth Davis mudou-se com as filhas para Nova
Iorque, onde trabalhou como retratista. Após ver Rudolph Valentino
em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (1921) e Mary Pickford em O
Pequeno Lord (1921), Betty se sentiu inspirada a seguir a carreira de
atriz, mudando a grafia de seu nome para "Bette", em
homenagem ao romance La Cousine Bette de Honoré de Balzac. Ela
recebeu o incentivo da mãe, que também aspirara ser atriz.
Concluídos os estudos, a
jovem atriz fez um teste para a companhia de teatro de George Cukor,
que, embora não tenha ficado muito impressionado com ela, lhe deu
seu primeiro trabalho remunerado – o papel de uma corista na peça
Broadway por uma semana. Mais tarde, Davis foi escolhida para o papel
de Hedwig, o personagem que ela havia visto Entwistle interpretar em
O Pato Selvagem. Depois de atuar na Filadélfia, em Washington, D.C.
e em Boston, Davis estreou na Broadway em 1929 com a peça Pratos
Quebrados, que foi seguida por Sólido Sul. Notada por um caçador de
talentos da Universal Pictures, foi convidada para fazer um teste em
Hollywood.
Acompanhada pela mãe,
Davis viajou de trem para Hollywood, chegando dia 13 de dezembro de
1930. Os executivos da Universal não se impressionaram com a jovem,
mas ofereceram-lhe um curto contrato. Em The Bad Sister (1931), Davis
fez sua primeira aparição nos cinemas, em um papel menor. O filme,
uma produção de baixo orçamento, é hoje lembrado por marcar as
estreias de Davis e outro que ator que também se tornaria um mito,
Humphrey Bogart. No mesmo ano, Davis apareceu em Seed.
Após uma série de
aparições em filmes pouco memoráveis, Davis convenceu os
executivos da Warner Bros. a emprestá-la a um estúdio rival, o RKO
Pictures, para a produção de Of Human Bondage (br:Escravos do
Desejo), em 1934. O filme, uma adpatação do romance homônimo do
britânico W. Somerset Maugham, estrelada por Leslie Howard, fez
grande sucesso com a crítica. A revista Life escreveu que a Mildred
Rogers de Davis talvez fosse "a melhor interpretação de uma
atriz americana registrada em filme". Quando o trabalho não foi
indicado ao Oscar, a atriz Norma Shearer iniciou uma campanha por sua
nomeação. Pressionada, a academia alterou as regras para a votação
do ano, permitindo que nomes não presentes nas cédulas recebessem
votos. Ainda assim, o Oscar de melhor atriz de 1934 foi entregue a
Claudette Colbert, por Aconteceu Naquela Noite.
No ano seguinte,
finalmente reconhecendo o potencial de Davis, a Warner Bros. deu-lhe
o papel principal em Dangerous.
Convencida de que sua
carreira estava sendo prejudicada, Davis abandonou a Warner Bros.
antes do término de seu contrato, planejando atuar em dois filmes na
Inglaterra. O caso foi levado à corte judicial inglesa que decidiu
que a atriz deveria honrar seu contrato com a empresa.
Ao contrário do que se
poderia imaginar, a briga judicial terminou por beneficiar Davis, que
passou a ser vista com mais respeito pelo presidente da Warner Bros.,
Jack Warner. Em 1937, Davis estrelou Mulher
Marcada ao lado de Humphrey Bogart. A produção foi baseada no caso
real de Charles "Lucky" Luciano, mafioso levado à justiça
graças ao testemunho de um grupo de prostitutas. E rendeu a Davis
novos elogios da crítica.
Em 1938, Bette Davis
interpretou um dos papéis que mais marcariam sua carreira, Julie
Marsden, em Jezebel.
Durante as filmagens, Davis iniciou um conturbado relacionamento com
o diretor William Wyler. Posteriormente, ela admitiria que Wyler foi
"o grande amor de minha vida". Pelo filme, Bette Davis
recebeu seu segundo Oscar de melhor atriz. Jezebel marca o início da
fase de maior sucesso da carreira de Bette Davis. Ela passaria a
figurar entre as dez estrelas mais bem pagas de Hollywood e seria
indicada ao Oscar de melhor atriz por cinco anos consecutivos, um
recorde nunca igualado. Em contraste ao sucesso profissional, seu
casamento com Ham Nelson chegava ao fim. Em 1938, Nelson, munido de
evidências de que Davis estaria tendo um caso com o excêntrico
milionário Howard Hughes, pede o divórcio.
Em 1941 Davis se tornaria
a primeira mulher presidente da Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas, mas antagonizou com membros do comitê por suas
propostas radicais. Com a eminência da guerra na Europa, Davis
propôs que a cerimônia do Oscar não fosse mais um banquete e sim
em um teatro com entradas cobradas para coloborar com fundos de ajuda
aos britânicos. Com a desaprovação e resistência do comitê,
Davis renunciou ao cargo de presidente.
Com o ataque japonês a
Pearl Harbor, Davis passaria o ano de 1942 viajando através dos
Estados Unidos vendendo bônus de guerra e acabou sendo criticada
pelo presidente da Warner Brothers, Jack Warner, por tentar persuadir
multidões na compra.
Em 1947, Davis deu à luz
sua primeira filha, Barbara. Na época pensou que sua carreira estava
acabada por estar tão envolvida na maternidade.
Em 1949 Jack Warner
liberou Davis de seu contrato com a Warner Bros., atendendo a seu
pedido.
Em 1950, Davis filmou A malvada cujo roteiro descreveu como o
melhor que já tinha lido em sua vida. O filme foi co-estrelado pela
atriz Anne Baxter. Durante o filme, Davis conheceu e começou um
romance com ator Gary Merrill com quem se casaria logo depois. Pelo
filme, Davis foi indicada ao Oscar mas não ganhou. Porém ganhou o
prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes por este trabalho. No
mesmo ano, Davis se divorciou oficialmente de William Sherry e dias
depois se casou com Gary Merrill. Com o consentimento de Sherry,
Merrill adotou Barbara. E logo após o dois adotaram uma menina
chamada Margot.
Em 1952, Davis seria
novamente indicada ao Oscar por sua atuação em Lágrimas amargas.
No mesmo ano, Davis e Merrill adotaram mais uma criança, um menino
chamado Michael.
Poucos filmes de Davis na
década de 1950 atingiram sucesso. Enquanto sua carreira entrava em
declínio, seu casamento arruinava-se. Davis e Merrill estavam
constatemente discutindo e, em 1960, Davis pediu o divórcio.
Em 1962, ela atuou junto a
Glenn Ford e Ann-Margret no filme de Frank Capra, A Pocketful of
Miracles. No mesmo ano apareceu no filme O que teria acontecido com
Baby Jane? junto a sua rival Joan Crawford, um filme de terror
dirigido por Robert Aldrich pelo qual, Davis recebeu sua última
indicação ao Oscar. O desempenho das duas atrizes foi admirável em
todos os aspectos. Em sua biografia, conta que exclamou, ao saber que
não havia levado a estatueta: "Grande! Perdi para uma
principiante!" (Anne Bancroft levou o prêmio).
No final da década de
1960, Davis ainda fez The Nanny em 1965 e O aniversário em 1968,
ambos sem muito sucesso.
No começo dos anos 1970,
Davis foi convidada a aparecer no palco no Great Ladies of the
American Cinema. Em cinco sucessivas noites, uma diferente estrela de
cinema discutia sua carreira e respondia questões do público.
Outras atrizes convidadas foram Myrna Loy, Rosalind Russell, Lana
Turner e Joan Crawford.
Em 1977, Davis tornou-se a
primeira mulher a receber do American Film Institute (Instituto de
Cinema Norte-Americano) o prêmio por sua obra. Após o prêmio,
recebeu várias propostas de trabalho. Em 1978, atuou na minissérie
para televisão, The Dark Secret of Harvest Home e no filme Death on
the Nile (br:Morte sobre o Nilo) baseado no livro de mistério de
Agatha Christie. Em 1979 ganhou o Emmy por sua atuação no filme
para televisão Strangers: The Story of a Mother and Daughter.
Foi indicada novamente ao
Emmy em 1980 por White Mama e, em 1982, por Little Gloria… Happy at
Last.
Seu nome começou a ficar
mais conhecido entre os mais jovens da época, após Kim Carnes fazer
sucesso mundial com a canção Bette Davis Eyes, em 1981.
Em 1983, durante as
filmagens da série para televisão chamada Hotel, Davis foi
diagnosticada com câncer de mama. Após uma mastectomia, Davis teve
paralisia do lado direito no rosto e braço e teve que fazer
fisioterapia para recuperar os movimentos. Com a saúde estável
novamente, ela viajou para a Inglaterra para filmar mais um mistério
de Agatha Christie, Murder with Mirrors, em 1985. No mesmo ano,
Barbara publicou um livro intitulado My Mother's Keeper descrevendo o
difícil relacionamento que tinha com a mãe. Vários amigos de Davis
disseram que o livro não era tão fiel à realidade. Críticos de
Barbara Hyman apontaram que Davis tinha dado suporte financeiro à
família de Hyman e recentemente salvara-os de perder a casa em que
viviam. Até seu ex-marido, Gary Merrill, a defendeu das acusações
da filha.
Em sua segunda memórias
publicadas em 1987, This 'N That, Davis escreveu sobre o livro da
filha. Davis já havia publicado sua primeira memórias em 1962, The
Lonely Life.
Em 1986 Davis apareceu num
filme para televisão chamado As Summers Die, e para o cinema Baleias de agosto. Seu último filme foi
Wicked Stepmother, de 1989.
Em 1989, em viagem à
Espanha para ser homenageada no Festival Internacional de Cinema de
San Sebastián, Davis teve problemas de saúde. Debilitada para fazer
uma longa viagem de volta aos Estados Unidos, Davis viajou até a
França onde foi internada no hospital americano de
Neuilly-sur-Seine. Ela morreu no dia 6 de outubro. Encontra-se
sepultada em Forest Lawn Memorial Park (Hollywood Hills), Los
Angeles, Condado de Los Angeles, Califórnia nos Estados Unidos.9 Em
sua sepultura está escrito: She did it the hard way.
Após a sua morte o
diretor Steven Spielberg comprou os dois Óscares ganhos por Bette
Davis em leilões ocorridos, entregando ambas as estatuetas para que
ficassem aos cuidados da Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas.
Davis era notadamente uma
mulher à frente de seu tempo. Altiva, de personalidade marcante,
talentosa e independente. Era capaz de sair dos estúdios, ir até
seu médico particular para que o mesmo lhe fizesse um curativo no
rosto, pois sua cena era a de uma mulher que havia sido agredida e,
em suas palavras, os maquiadores do estúdio não sabiam captar a
cena. Seu estilo centralizador e perfeccionista era o que dava
distinção, dentre tantas atrizes hollywoodianas, de ontem e,
principalmente de hoje.
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