Criados na periferia de SP, os integrantes dos Racionais Mcs (Edi Rock, Mano Brown, DJ KL Jay e Ice Blue) se tornaram a voz dos excluídos de uma parcela importante da sociedade: a periferia.
Com músicas que privilegiam as letras, em detrimento dos xingamentos gratuitos –comuns em muitos raps nacionais-- eles levam muito a sério o significado de RAP : Ritmo e Poesia.
Enaltecendo os excluídos, aqueles que estão à margem da sociedade, os integrantes se tornaram uma espécie de porta-vozes, não só dos que moram precariamente nos extremos da região metropolitana de São Paulo. Mas de toda e qualquer periferia pelo país afora, inclusive nos morros do Rio de Janeiro, onde o ritmo não é tão difundido –o Funk predomina – e na localidade onde MV Bill é o maior destaque.
O melhor grupo de rap do Brasil --na minha opinião, são melhores que os rappers americanos da atualidade – deram ao gênero musical uma qualidade incontestável.
Quem desconhece a realidade da periferia, seja de Sampa, ou de qualquer outra região metropolitana, as letras viscerais de Mano Brown e cia são um retrato fiel. Uma realidade nua e crua, que traz para o nosso dia a dia, aquilo que fingimos desconhecer.
Para boa parte da sociedade endinheirada, a periferia significa de onde vem seus subalternos. Nada além disso.
Para essas pessoas, lhe são permitidas poucas coisas. Muitos deveres e pouquíssimas direitos.
A marginalização desses brasileiros é odiosa, e é oriunda de mentes tacanhas; ou como disse o jornalista Mino Carta, da “elite perversa”.
Contra esse sistema viciado é que as letras dos Racionais lutam. As composições se contrapõem de maneira contundente. É a voz da periferia sendo, finalmente, ouvida e ecoada, Brasil afora.
Para Brown, a truculência policial é um dos fatores de desequilíbrio nessa linha tênue entre classes abastadas e desprovidas.
O grupo é, há mais de uma década, o maior nome da resistência para os moradores dos bairros pobres em Sampa. É aonde eles se reconhecem, se enxergam e vislumbram dias melhores.
Porque se dependessem da velha e carcomida mídia brasileira, a periferia estaria mais esquecida que a Atlântida, e igualmente enterrada em local desconhecido do oceano.
Pelo modo que o sr escreveu esse texto, dá para notar mesmo a identificação que tem o Sr. mino Carta...
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